Defesa de agressor de Bolsonaro arrola Lula, Rosário, Wyllys e Preta Gil como testemunhas de defesa

Advogados querem provar que a defesa não pode ser simplesmente técnica, mas essencialmente antropológica e política

Foto: Reprodução / CP

O advogado de Adélio Bispo de Oliveira, agressor confesso do candidato à presidência pelo PSL Jair Bolsonaro, afirmou, com exclusividade, à Rádio Guaíba que para rebater a acusação feita pelo Ministério Público contra o pedreiro, arrolou testemunhas de defesa como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os deputados federais Maria do Rosário (PT/RS) e Jean Wyllys (PSol/RJ) e a cantora Preta Gil, todos eles desafetos do deputado federal. De acordo com Marco Mejía, a estratégia é provar “as questões xenófobas do candidato à Presidência”.

O advogado fala que foram escolhidas testemunhas que entrarão no “princípio da vitimologia” para que se entenda até que ponto aquele que propaga certas atitudes até então apagadas na sociedade pode ser culpado por isso.

Ainda conforme Mejía, os advogados, ao indicarem essas testemunhas, querem provar que a defesa não pode ser simplesmente técnica, mas essencialmente antropológica e política para que se entenda “o real motivo do que ocorreu”. “Sabemos que nada justifica um ato como o de Adélio, que foi esfaquear uma pessoa, mas precisamos compreender que pode existir um pano de fundo para certas mentes cometerem algum tipo de crime”, complementa.

 

Exame de sanidade aceito

Nessa quinta-feira, o juiz Bruno Savino, da 3ª Vara Federal de Juiz de Fora, ordenou a realização de nova avaliação psiquiátrica em Adélio Bispo.

De início, o pedido para abrir o chamado “incidente de insanidade” havia sido negado pelo juiz, que reviu a decisão após a defesa ter feito novo pedido, desta vez acompanhado de um laudo psiquiátrico particular que atestou transtorno grave.

Com o reconhecimento da insanidade, a defesa almeja que sejam afastadas as acusações do Ministério Público Federal (MPF) que enquadrou Adélio na Lei de Segurança Nacional. Caso isso ocorra, uma eventual pena se torna mais branda, podendo ser cumprida em um manicômio judicial, em vez de em uma penitenciária.

Em depoimento na Polícia Federal, Adélio Bispo confessou o crime, ocorrido em 6 de setembro, em Juiz de Fora.