A Câmara dos Deputados vai começar o ano com o maior número de partidos representados desde a redemocratização. Com isso, o próximo presidente eleito vai ter de negociar com 30 siglas diferentes.
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Há quatro anos, foram eleitos deputados federais de 28 agremiações. Em 2010, eram 22. Além do crescimento de bancadas atualmente com baixa representatividade, como é o caso do PSL (um parlamentar em 2014), a eleição apresentou renovação superior às anteriores e diminuiu o número de grandes bancadas, com mais de 50 parlamentares.
Com 13 deputados a menos, o PT vai ter direito a partir de fevereiro de 2019 a 56 cadeiras na Casa. Em 2014, foram 69. Após a última janela partidária, a legenda já havia perdido parlamentares e conta, na legislatura atual, com 61.
Com crescimento de 550% em comparação com a composição atual, o PSL conseguiu o maior feito dessas eleições: impulsionados pela candidatura do presidenciável Jair Bolsonaro, 52 candidatos do partido se elegeram. Na última janela partidária, que se encerrou em abril, a sigla já tinha crescido de dois para oito deputados, sendo um deles o próprio Bolsonaro. O filho dele Eduardo Bolsonaro se tornou ontem o deputado mais votado do Brasil, com 1,84 milhão de eleitores.
Partido do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o DEM teve aumento com relação às últimas eleições, mas vai começar o ano com menos representantes do que hoje. Com 21 deputados eleitos em 2014, o partido ganhou quadros nos últimos anos após o impeachment de Dilma Rousseff e recebeu novas filiações no início de 2018, chegando a 43 parlamantares. Nas eleições de ontem, 29 foram eleitos pela sigla.
Essa também é a média numérica de partidos que antes eram consideradas grandes bancadas, como o PSDB e o MDB, do presidente da República, Michel Temer. As siglas ficaram com praticamente a metade do tamanho que tinham nas últimas eleições. Enquanto o PSDB tinha 54 deputados e vai manter 29 parlamentares na Câmara a partir do ano que vem, os emedebistas viram a bancada encolher cerca de 48%, de 65 para 34 parlamentares.
Conhecida pela oposição firme e radical em propostas do governo, a bancada do PSol dobrou o número de representados, de cinco, em 2014, para dez.
Outras siglas mais à esquerda também vão ocupar mais cadeiras. É o caso do PDT, do presidenciável Ciro Gomes, que ficou em terceiro lugar na disputa. O novo pleito elegeu 28 nomes do partido, contra os 20 de hoje. Já o PSB e o PCdoB apresentaram baixas, ficando com 32 e nove parlamentares a partir do ano que vem, respectivamente.
Legendas de outros candidatos à Presidência também se saíram bem nas eleições deste ano. O recém-criado Novo, do candidato João Amoêdo, vai ter direito a oito cadeiras na Câmara. Já o Podemos, antigo PTN, que lançou o senador Álvaro Dias ao Palácio do Planalto, vai ter 11 deputados, sete a mais do que em 2014.
A mudança de nomes com o objetivo de pregar renovação na política também ajudou partidos menores. O Avante, antes denominado PTdoB, subiu de dois para sete representados, enquanto o PEN, que mudou o nome para Patriota, vai ter cinco deputados, três a mais do que quatro anos atrás.
Partido / bancada em 2014 / bancada eleita / renovação
PT / 69 56 -13
PSL / 1 52 +51
PP /38 37 -1
MDB / 65 34 -31
PSD / 36 34 -2
PR / 34 33 -1
PSB / 34 32 -2
PSDB /54 29 -25
PRB / 21 30 +9
DEM / 21 29 +8
PDT / 20 28 +8
SD / 15 13 -2
PSOL / 5 10 +5
PSC / 13 8 -5
PODE (ex-PTN) / 4 11 +7
PCdoB / 10 9 -1
PPS / 10 8 -2
PTB / 25 10 -15
PROS / 11 8 -3
Novo / 0 8 +8
Avante (ex-PTdoB) / 1 7 +6
PATRI (ex-PEN) / 2 5 +3
PHS / 5 6 +1
PV / 8 4 +4
PRP / 3 4 +1
PMN / 3 3 0
PTC / 2 2 0
REDE / 0 1 +1
PPL / 0 1 +1
DC (ex-PSDC) / 2 1 -1
PRTB / 1 0 +1