PF: autor da facada em Bolsonaro agiu sozinho e por motivação política

Inquérito avaliou que movimentações financeiras de Adélio Bispo de Oliveira foram condizentes com o modo de vida

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O autor da facada que atingiu o candidato à presidência pelo PSL Jair Bolsonaro, Adélio Bispo de Oliveira, agiu sozinho no dia do crime por motivação política. Essa é a conclusão do inquérito da Polícia Federal encaminhado nesta sexta-feira para o Tribunal de Justiça de Juiz de Fora (MG).

“Ficou claro que o motivo (do ataque) era o inconformismo político do senhor Adélio com os projetos políticos do candidato. A conclusão é que no dia desse ato, Adélio agiu desacompanhado de qualquer pessoa, não contou com a participação de ninguém”, frisou o delegado regional de Combate ao Crime Organizado em Minas Gerais, Rodrigo Morais Fernandes, responsável pelo caso.

O ataque contra Bolsonaro aconteceu no dia 6, quando o candidato fazia campanha na região central de Juiz de Fora. Ele recebeu uma facada no abdômen em meio ao tumulto que se formou em volta dele no ato político.

Preso no mesmo dia, Adélio segue um presídio federal em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. Foram quatro interrogatórios desde então. Também foram analisados um laptop, quatro celulares e dois chips apreendidos com ele além da conta bancária, e-mails e postagens em redes sociais. “As contas em nome dele não possuem nenhuma movimentação atípica, os ganhos que estão nas suas contas se sustentam. Não tinha grandes gastos, vivia de forma simples”, avaliou Morais.

Ainda assim, a Polícia abriu um novo inquérito, na última terça-feira, para investigar o autor confesso do ataque a faca com o objetivo de apurar fatos decorrentes das investigações realizadas até agora. Essa segunda investigação, com prazo de 30 dias prorrogáveis, busca averiguar se Adélio teve alguma ajuda material ou no planejamento do atentado. “Em razão do prazo legal, optamos por fazer uma cisão do procedimento. O inquérito concluído hoje permite que ele seja denunciado pelo Ministério Público e continuamos a linha de investigação para verificar a participação de outra pessoa ou grupo envolvido”, explicou o delegado.

Adélio chegou em Juiz de Fora no dia 19 de agosto e trabalhou por quatro dias como garçom na cidade mineira. Antes havia trabalhado em um açougue e também em um restaurante de comida japonesa em Florianópolis, capital de Santa Catarina. De lá ele se deslocou de ônibus para São Paulo e depois Juiz de Fora.

A faca utilizada no crime pode ter sido adquirida ainda na capital catarinense. Em Florianópolis, ele chegou a praticar aulas de tiro e relatou à PF que tinha o objetivo de comprar uma arma, mas desistiu em razão do custo e da burocracia.

Planejamento

Segundo Morais, Adélio começou a planejar o crime três dias antes, quando soube da agenda de Bolsonaro naquela data. Em um celular apreendido pela PF havia fotos de outdoors anunciando a chegada de candidato na cidade.

No dia 6, Adélio saiu da pousada onde se hospedou com a faca embrulhada em uma folha de jornal escondida dentro do casaco e acompanhou a agenda do candidato durante todo o dia, até o momento do atentado. Ele esteve presente inclusive no restaurante do hotel onde o candidato do PSL almoçou na ocasião.

Adélio deve ser ouvido novamente no segundo inquérito conduzido pela PF. Bolsonaro também deve ser ouvido na mesma investigação.