Vice-diretora do Museu Nacional estima que incêndio tenha destruído 90% do acervo

"A culpa é de todos. A gente fica com muita raiva", declarou Cristiana Serejo

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

A vice-diretora do Museu Nacional, Cristiana Serejo, estimou que 90% do acervo tenha queimado no incêndio da noite desse último domingo e que a reconstrução do prédio custe R$ 15 milhões. O valor se refere à parte estrutural, uma vez que o que se perdeu é insubstituível, ressalvou. Cristiana afirmou que o orçamento vem caindo desde 2015, com contingenciamento de um terço do total, passando de R$ 514 mil para R$ 314 mil. “Sobrou parte do acervo dos invertebrados, o setor de vertebrados e botânica. Foram retiradas algumas cerâmicas, peças minerais e os meteoritos, talvez uns 10%”, estimou Cristiana. “A gente estava preocupado com incêndios. Tivemos problemas de falta de verba e de burocracia”, declarou, em informações publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

Não havia porta anti-incêndio nem sprinklers. Os detectores de fumaça não funcionaram. A água nos hidrantes não era suficiente. Não havia seguro contra incêndio e o acervo também não era segurado. A fachada havia sido restaurada em 2007 com verba da Petrobras, mas a crise minguou os recursos patrocinados nos últimos anos. “A culpa é de todos. A gente fica com muita raiva”, declarou.

Cristiana relatou ainda não ter informações sobre o fóssil de Luzia, o mais antigo das Américas. O crânio era guardado em uma caixa ainda não localizada. As múmias egípcias queimaram, assim como o setor de entomologia. O laboratório de paleontologia ficou intacto. A vice-diretora não arriscou traçar o futuro do museu. Ela disse que é possível que sejam reproduzidas imagens que foram incendiadas com impressoras 3D. Verbas serão pleiteadas não só junto ao governo federal, mas também com empresas e no exterior, completou ela.