“Êta primavera baldosa essa!”

"Este jornal vai ser feito para toda a massa, não para determinados indivíduos de uma facção". Foto: Arquivo CP

Buenas, meu povo! Eu, como ando sempre de orelha em pé, fui assuntar a respeito do tempo que anda feio e “ferruscoso” ultimamente. Vai daí que me assomou estes dois dizeres: Equinócio, Solstício, mas o que é isso afinal? Solstício???

Na astronomia, Solstício (do latim, sol + sistere, que não se mexe) é o momento em que o Sol, durante seu movimento aparente na esfera celeste, atinge a maior declinação em latitude, medida a partir da linha do Equador. Os Solstícios ocorrem duas vezes por ano: em dezembro e em junho. O dia e hora exatos variam de um ano para outro. Quando ocorre no verão significa que a duração do dia é a mais longa do ano. Analogamente, quando ocorre no inverno, significa que a duração da noite é a mais longa do ano.

Mas, e Equinócio? Bueno, Equinócio significa o momento exato que marca o início da primavera ou do outono, em que o sol incide com maior intensidade sobre as regiões que estão localizadas próximo à linha do Equador. Tudo isso pra dizer que essa Primavera que está aí, veio mandando pra baixo à moda de Dom Pedrito (de cima pra baixo), trazendo um “aguão véio bagual”.

E por falar em chuva, me veio à mente vendo todo esse aguaceiro que se botou de vaqueano no início do mês de setembro, a temida enchente de São Miguel. Diz que: num certo tempo, o padroeiro aqui da terrinha era São Miguel. Mandava na chuva, no vento, na geada. Até no “arrasamundo” (chuva, vento, pedra e raio, se fosse o caso). Era no tempo em que isto aqui era um “mexinflório”, castelhanada era dona, arrotavam lei, mandavam e desmandavam na gauchada toda. Olha o que sobrou para quem quiser ver lá nas Missões da Igreja de São Miguel, te falo de igreja!

Lá pelas quarenta me chegam os portugueses vindos de além-mar e botaram São Pedro de padroeiro, o São Pedro do Rio Grande. E foram avançando, e avançando, até tomar a terra toda dos castelhanos. E deram, a essa terra toda, o nome de Continente do Rio Grande de São Pedro. Depois, muito depois, é que mudou para Rio Grande do Sul.

São Pedro, todo mundo sabe, é o dono das chaves do céu. Nuvens, vento, trovão, raio, chuva, é tudo no comando dele. O pobre do São Miguel ficou sem o pedaço de mando dele no céu, igual aos castelhanos que perderam o mando na terra. Vai daí que São Pedro combinou com São Miguel deste mandar UMA chuva por ano.

Então, São Miguel aproveitou e sentou a pua pra tirar o atraso. Manda chuvaradas e chuvaradas, quase sempre aí pelo fim de setembro, perto do dia dele, que é o dia 29. Por isso, é que elas ficaram conhecidas por esse nome de enchente de São Miguel.

De uns tempos para cá, com essas mudanças loucas na natureza, a data não é muito respeitada, mas a enchente de São Miguel acontece sempre: seis meses antes ou seis meses depois, mas acontece. Se preparem! Corram lá e comprem as galochas, o poncho Campomar uruguaio, a capa gaúcha, o chapéu de lona e deixa que chova!