Milho: estudo aponta relação entre a seca e a estabilidade da produção

Trabalho foi desenvolvido no programa de pós-graduação em Genética e Melhoramento de Plantas da Esalq

Foto: Divulgação

Um estudo desenvolvido no programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP) investigou a relação direta e indireta entre caracteres de milho que condicionam tolerância a estresse hídrico e a estabilidade da produção. No Brasil ocorrem grandes variações climáticas, principalmente quanto à quantidade e distribuição de chuvas. Associa-se a esse fato o período do plantio de milho ser realizado em duas safras ou épocas, estando a segunda safra mais sujeita a déficits hídricos que os de primeira safra.

Segundo Otávio Luiz Gomes Carneiro, autor do estudo, no meio científico já é conhecido que híbridos de milho prolíficos, com mais de uma espiga por planta, com intervalo de florescimento reduzido, baixo número de ramificações do pendão e senescência retardada condicionam maior tolerância à seca. “Alguns autores, por sua vez, sugerem que genótipos de milho com essas características reduzem as flutuações de produção de grãos e, dessa forma, podem ser considerados estáveis”, avalia Carneiro.

O estudo teve como orientador o professor Claudio Lopes de Souza Junior e, ao contrário do que se imaginava, os resultados revelaram que não existe relação entre essas características e a estabilidade. “Esse é um resultado importante para programas de melhoramento de milho, pois, mesmo que os híbridos apresentem de forma adequada essas características e, assim, possivelmente reduzam as flutuações da produção devido à instabilidade de precipitação, estes caracteres são independentes da estabilidade”, aponta o autor da pesquisa.

Além disso, de acordo com o trabalho é fundamental a seleção de híbridos de milho, os quais são obtidos pelo cruzamento de linhagens, que apresentam responsividades regulares e estabilidade de produção frente à diferentes ambientes, sendo ainda de grande importância verificar como ocorre seu controle genético. “Verificamos que efeitos não aditivos – dominância e epistasia – foram mais importantes que efeitos aditivos para essas características. Deste modo, tais resultados podem trazer uma série de impactos para os programas de melhoramento, uma vez que a seleção deverá ser realizada em cruzamentos de linhagens (híbridos) e não nas linhagens per se”. Finalmente, Carneiro ressalta que “as linhagens selecionadas para estabilidade e responsividade regular poderão não apresentar as mesmas performances quando cruzadas com outras linhagens, mesmo que essas últimas também tenham sido selecionadas em cruzamentos”.