Nova tabela do frete provoca reajuste de até 150% no leite

Transporte corresponde a até 20% do custo final do leite e derivados. Viva Lácteos é contrária à medida

Foto: EBC

A Viva Lácteos (Associação Brasileira de Laticínios) alerta para a gravidade do impacto econômico para o setor de laticínios em decorrência da paralisação dos caminhoneiros no Brasil, ocorrida em maio deste ano, e que teve como reflexo a aprovação dos pisos mínimos de frete. O transporte rodoviário de cargas é o principal meio de escoamento da produção de produtos lácteos, o que faz o custo das indústrias aumentar significativamente com o estabelecimento de tabelamento de preços obrigatório. Segundo o IBGE, dos 5.504 municípios brasileiros, apenas 60 não produzem leite.

A logística na indústria de laticínios apresenta características bem peculiares motivadas pela alta perecibilidade do leite. Por esse motivo, diariamente, a produção percorre uma extensa malha viária em todo país. Estima-se que o transporte corresponda de 8% a 20% do custo final do leite e derivados, dependendo do tipo de produto industrializado (perecível ou não), das distâncias a serem percorridas em toda cadeia, das características regionais e do tipo de veículo.

O tabelamento do frete em vigor tem gerado distorções significativas, com valores que chegam a superar 150% quando comparado ao praticado anteriormente no mercado. A consequência é o aumento de preços ao consumidor, com impacto direto na inflação. “A Viva Lácteos é contraria a qualquer tipo de tabelamento no frete. Ele representa a cartelização do transporte rodoviário de cargas e os valores em vigor estão muito acima dos praticados no mercado. Essa política é desastrosa à medida que inibe a busca pela eficiência produtiva, a inovação tecnológica e a competitividade, provocando a elevação no custo total do leite e derivados”, destaca o diretor executivo da Viva Lácteos, Marcelo Martins.

Segundo o executivo, a medida impacta o Brasil como um todo. Dados do último Censo Agropecuário do IBGE de 2017 registram que a produção de leite é realizada em 1,17 milhão de propriedades. Além disso, considerando um mínimo de dois trabalhadores atuando continuamente por propriedade e os contratados nas indústrias e cooperativas, esse segmento gera, pelo menos, 3 milhões de postos de trabalho permanentes. Do ponto de vista econômico, o setor de laticínios está na segunda posição em faturamento, fechando 2017 com R$ 70,2 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA), atrás apenas dos derivados de carne.