Mesmo com segurança, food trucks no viaduto Otávio Rocha têm baixo movimento

Após barracas serem retiradas do local, prefeitura quer criar uma área de convivência no espaço

Comerciantes esperam que movimento melhore com o tempo. Foto: Mauro Schaefer/CP

Numa tentativa de dar prosseguimento à ocupação do viaduto Otávio Rocha, no Centro Histórico de Porto Alegre, dois food trucks e dois bike food se instalaram no local durante o sábado, em caráter experimental. A região, que por muito tempo abrigou dezenas de sem-tetos, agora deve ser tomada por comerciantes itinerantes. O cenário ainda não é o imaginado pelo poder público, mas quem passa pela avenida Borges de Medeiros se depara com outra realidade: policiamento ostensivo – com viaturas – e circulação livre pelo viaduto Otávio Rocha.

Mesmo com pouco movimento, a presença de food trucks no local já traz sensação de segurança às pessoas que vão pegar ônibus em paradas próximas à estrutura. Se ainda falta limpar as inúmeras pichações que tomam o viaduto de ponta a ponta, por outro lado não se percebe o aglomerado de colchões e sujeira. A iniciativa da prefeitura visa criar uma área de convivência, incentivar a gastronomia itinerante e ocupar a cidade, além de estimular o empreendedorismo. No sábado e no domingo, os food trucks estarão abertos à população das 9h30min às 21h.

Pela manhã, Israel Leal Rosa instalou sua carrocinha de pipocas. Há cinco anos no ramo, Bira – como é conhecido – afirma que o primeiro dia de movimento fraco já era esperado. “O resultado é melhor no cenário total do que na venda, eu já vim sabendo. Muitas pessoas estão passando aqui e só agora estão percebendo que não tem gente ocupando o local como antes”, avalia. Ele salienta que a ocupação busca revitalizar e humanizar a região. “Em momento algum senti insegurança. Ao contrário, sempre tem viatura passando, brigadiano circulando. E mais gente passando por aqui também dá essa sensação. Há pessoas nas paradas de ônibus vindo até aqui comentar ‘que bom que vocês estão aqui, porque eu consigo ficar no meu ponto de ônibus’. As pessoas não conseguiam antes”.

O comerciante explica que o objetivo é manter um carrinho no viaduto durante o processo de ocupação. “A expectativa é para os próximos dias de movimento, principalmente no início da semana. À medida que a população entender que esse espaço aqui está ocupado de outra maneira, também vai vir gente para eventos de fim de semana”, diz.

Com um trailer que oferece – entre outras coisas – batatas fritas, bacon, queijo, calabresa e frango, Viviana Teixeira de Melo decidiu participar da ação no viaduto e disputar um novo nicho na Capital. Instalada ao lado da carrocinha de pipoca de Bira, Viviana conta com a ajuda do marido, Marcelo, e da filha Luana.

O primeiro dia debaixo da estrutura superou a expectativa. “Por não ser conhecido do público, o movimento foi melhor do que esperado. Para domingo, a expectativa é ainda melhor”, avalia. No que diz respeito à segurança, Viviana confirma o relato de Bira.

“A BM e a EPTC estão passando direto por aqui, tanto com viatura quanto a pé. A hora que eu cheguei, por volta das 9h, senti um pouco de medo porque ainda havia grande fluxo de moradores de rua. Depois dispersou”, relata. E acrescenta: “Muito mais do que a questão da limpeza, da segurança, é ter um atrativo para o público. Que as pessoas tenham um lugar diferente, algo diferenciado, para que possam aproveitar e ocupar o espaço público”.