Corpo de estudante morta na Nicarágua chega na sexta-feira

Sepultamento está marcado para as 10h do mesmo dia, no Recife

O corpo da estudante pernambucana assassinada na cidade de Manágua, na Nicarágua, no último dia 23, Raynéia Gabrielle Lima, chega ao Recife na madrugada da próxima sexta-feira. O anúncio ocorreu durante coletiva de imprensa na tarde de hoje pelo secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico.

O funeral é previso para as 10h do mesmo dia no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, na região metropolitana do Recife.

De acordo com o secretário, o corpo sai de Manágua, às 14h30min de quinta, com parada na capital do Panamá, de onde parte às 18h15min, sempre no horário de Brasília, com destino ao Brasil. A chegada ao Recife é prevista para as 0h35min de sexta-feira.

Segundo o secretário, as despesas do traslado, custeadas pelo governo de Pernambuco, totalizaram R$ 16.273,16.

O secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco disse, durante a coletiva, que cabia à União arcar com as despesas, mas o governo não se mostrou disponível para colaborar nesse sentido. “Essa era uma obrigação do Estado Brasileiro, que teve que ser assumida pelo governo de Pernambuco”, afirmou.

Ele disse ainda que o Centro Estadual de Apoio às Vítimas de Violência (CEAV), que presta apoio psicológico e jurídico à mãe de Raynéia, Maria José da Costa, vai auxiliar no transporte da aposentada ao Recife para receber o corpo da filha.

Explicações do Itamaraty
Por meio de nota, o Ministério das Relações Exteriores explicou que se empenhou para assegurar, da forma mais rápida possível, a liberação do corpo da estudante brasileira. Ainda de acordo com o ministério, a Embaixada do Brasil em Manágua manteve contato com as autoridades locais envolvidas no caso e expediu prontamente a documentação pertinente, além de ter prestado apoio consular aos familiares dela.

“No caso de brasileiros falecidos no exterior, no entanto, não existe previsão legal para que o governo federal custeie o repatriamento dos restos mortais. Nesse sentido, os esforços do governo de Pernambuco foram fundamentais para que o corpo de Raynéia pudesse ser trasladado para o Brasil”, cita o texto enviado pelo Itamaraty.

Entenda o caso
A estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima morreu baleada, na noite de segunda-feira da semana passada, com um tiro no peito que, segundo o reitor da Universidade Americana (UAM), Ernesto Medina, partiu de “um grupo de paramilitares” no sul da capital Manágua.

A Nicarágua vive uma crise sociopolítica com manifestações que se intensificaram desde abril. Os manifestantes pedem a saída do presidente Daniel Ortega, que se mantém há 11 anos no poder, em meio a acusações de abuso e corrupção. A repressão aos protestos populares já deixou entre 277 e 351 mortos, de acordo com organizações humanitárias locais e de alcance internacional.

O assassinato da estudante brasileira ocorreu horas depois de o reitor participar de um fórum no qual disse que o crescimento econômico e a segurança na Nicarágua, antes da explosão dos protestos contra Ortega, em abril, “era parte de uma farsa” porque “nunca houve um plano que acabasse com a pobreza e a injustiça”.