MP pede fechamento de instituição de tratamento de dependentes químicos em Sapiranga

Mais de 50 pacientes internados relataram que vivem sob cárcere privado e sofrem tortura

Imagem: Divulgação MP

Depois de uma operação deflagrada, hoje, apoiada pela Polícia Civil, Brigada Militar e Corpo de Bombeiros, o Ministério Público pediu a interdição e o encerramento das atividades das unidades da Associação Terapêutica Ferrabraz, em Sapiranga. A instituição trata pacientes com dependência em drogas e álcool, no município do Vale do Sinos.

Foram encontradas irregularidades nas três casas ocupadas pela Associação, como falta de atendimento médico e psicológico, péssimas condições de higiene e medicamentos vencidos e sem receita.

Na ação, foram presos o coordenador terapêutico, Darlon Carvalho Rodrigues, e a mãe dele, Nelci Carvalho Rodrigues, atual presidente da Associação, além de mais dez terapeutas, conforme a Polícia Civil. Os mais de 50 pacientes internados nos locais ainda relataram que vivem sob cárcere privado e que sofrem torturas como surras e choques.

Os pacientes também disseram ter sido impedidos de contar aos familiares sobre a situação a que são submetidos, sob ameaças dos proprietários, além de obrigados a repassar cartões e senhas para retiradas de benefícios. Há ainda, a denúncia de que eram coagidos a cometerem roubos e furtos, a mando de Darlon.

Dois dos pacientes foram recolhidos para atendimento médico pela equipe de saúde do município: um com problemas psiquiátricos e outro acamado, desnutrido e com escaras pelo corpo. O Município de Sapiranga providencia abrigo para os demais pacientes em outros estabelecimentos de recuperação de drogados existentes na cidade.

O Ministério Público informou ainda estar apurando a denúncia de que funcionários da Ferrabraz compõem um grupo de “resgate e remoção”, que, de modo violento, busca pacientes fugitivos ou a pedido da família dos dependentes.

A operação ocorreu após o ajuizamento de uma ação civil de execução de Termo de Ajustamento de Conduta assinado com a Associação, e que, conforme o MP, vinha sendo descumprido.