Greve do Imesf pode afetar atendimento em 140 postos de saúde de Porto Alegre

Em 75 unidades de saúde, há, exclusivamente, funcionários do instituto trabalhando

Foto: Guilherme Testa/CP

Trabalhadores do Instituto Médico de Estratégia e Saúde da Família (Imesf) vão parar, a partir desta terça-feira, por tempo indeterminado. A população deve ficar atenta porque a greve da categoria pode afetar o atendimento em 140 postos de saúde de Porto Alegre. A categoria, que soma cerca de 1,7 mil profissionais, protesta contra a falta de reposição salarial dos últimos 24 meses e a ameaça da prefeitura de retirar 10% do incentivo sobre o salário-base.

O presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul (Sergs), Estêvão Finger, informou que a categoria vai respeitar a lei que determina a colocação de 30% do efetivo de servidores do Imesf no atendimento à população nas unidades de saúde da Capital. Os profissionais do instituto incluem enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos, dentistas, agentes comunitários de saúde e agentes de endemia.

O secretário adjunto da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Pablo Stürmer, informou nesta segunda-feira que a prefeitura não vai retirar nenhum direito dos trabalhadores como gratificações e que serão mantidas as cláusulas sociais. Um levantamento da secretaria apontou a presença dos profissionais do Imesf em 130 dos 140 postos de saúde da cidade como o Centro de Saúde Modelo, na rua Jerônimo de Ornellas, e o posto de saúde Santa Marta, na rua Capitão Montanha, no Centro de Porto Alegre. Em 75 unidades de saúde, há, exclusivamente, funcionários do instituto trabalhando.

O secretário adjunto da Saúde afirmou que espera que até mais de 30% do efetivo dos funcionários trabalhem na terça-feira para não prejudicar o atendimento à população. Os médicos do instituto também decidiram entrar em greve por tempo indeterminado. A decisão, unânime, saiu de uma assembleia realizada na semana passada na sede do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers). Os médicos estão há dois anos e meio sem reposição salarial. Nesse período, as tentativas de formalização de um novo acordo coletivo não prosperaram. Durante as negociações, foram sete reuniões no Tribunal Regional do Trabalho.

Atualmente, o Imesf conta com 57 médicos, sendo 29 fixos e 28 temporários. A diretora do Simers, Clarissa Bassin, explicou que a greve é a “única saída” diante do despreparo do poder público municipal. “Estamos vendo um cenário muito grave e a prefeitura de Porto Alegre está cega, surda e muda aos anseios dos profissionais. Depois de quase três anos de negociações, a gestão municipal foi incapaz de fazer alguma proposta. Isso sinaliza desconhecimento e despreparo. Hoje, os médicos se unem na luta com outras categorias por mais saúde e condições de trabalho”, acrescentou Clarissa Bassin.