Collor garante que é candidato e fala que não há provas contra Lula

Em entrevista à Rádio Guaíba, senador elogiou a Lava Jato, mas criticou os executores da operação: "imberbes de calças curtas atraídos pelos holofotes da mídia"

Vinte e seis anos após ser destituído da Presidência da Republica, o senador Fernando Collor de Mello confirmou que vai disputar o cargo pela segunda vez. Collor assegurou, em entrevista para o programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba, que é pré-candidato pelo PTC ao Planalto e atribuiu a pulverização de candidaturas à fragilidade política do atual presidente Michel Temer (MDB).
Apesar de discordar da narrativa sustentada pelo PT, de que há articulação para impedir Lula de ser candidato, Collor defendeu o petista, sustentando que não há provas contra ele. Para o senador, Lula não teve possibilidade de defesa e a ampliação da pena, de nove para 12 anos, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, se estabeleceu sem fato novo.
“Todos sabem que eu não tenho procuração e sequer afinidade ideológica com o ex-presidente, mas entendo que vêm sendo cometidas enormes injustiças em relação a Lula. Ele foi submetido a uma pena de nove anos de detenção sem ter sido concedido direito à resposta a uma pergunta: onde está o documento que prova que o apartamento do Guarujá é de minha propriedade ou de alguém de minha família?”, disse o senador.
O presidenciável afirmou ainda ter convicção do registro de Lula pelo PT junto ao Tribunal Superior Eleitoral e que, portanto, como pré-candidato, entende que é direito do petista se manifestar, mesmo estando preso. “Deixem ele falar. Poderia ser dada a oportunidade de receber um advogado que grave uma declaração para ser divulgada”, defendeu Collor.
Ainda assim, o senador disse não concordar com a tese do PT que Lula vem sendo “perseguido”: “Aí já acho que é uma viagem na maionese”, comentou.
Inocentado em 2014, pelo Supremo Tribunal Federal, das acusações que embasaram juridicamente o impeachment, Collor criticou a condução do processo e as ferramentas utilizadas pela Lava Jato. “Estas delações são super premiadas. Mais premiadas que Mega Sena de Natal. É um pau de arara moderno”, disse.
“A operação em si tem seus bons propósitos. Acontece que a execução dessa operação foi dada a pessoas imberbes, de calças curtas, que não têm ainda consciência da realidade que nos cerca nem a experiência necessária. E mais do que isso, que estão atraídas pelos holofotes da mídia”, completou.