Ato marca 120 dias do assassinato de Marielle e cobra esclarecimento

Foram lembrados o motorista Anderson Gomes e outras vítimas de violência

Manifestantes se reuniram, nesta quinta-feira, no centro do Rio de Janeiro, para lembrar os 120 dias dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes. Os dois foram mortos a tiros, na noite de 14 de março, e o crime ainda não teve solução. As investigações permanecem em sigilo. O ato cobrou também a elucidação de diversos outros homicídios que permanecem sob investigação na capital fluminense. Parentes de vítimas estiveram presentes contando essas histórias. “Quanto mais precisam morrer?”, registrou uma faixa.

A mãe de Marielle, Marinete Silva, disse que a dor persiste. “O tempo passa e a angústia aumenta. Não é só a perda física da Marielle, é muito mais do que podíamos imaginar. Cada dia que passa é muito mais doloroso. Não dá para mensurar”. Ela frisou que está preocupada com o silêncio das autoridades, mas acrescentou que vai seguir acreditando e cobrando uma solução.

A dor de Marinete Silva também é compartilhada por Janaína Alves, que perdeu o filho adolescente há dois anos na comunidade do Borel, na zona norte do Rio de Janeiro. Segundo ela, o garoto tinha 16 anos e foi morto com um tiro na cabeça disparado por trás por um policial da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Ela conta que, na época, recebeu apoio de Marielle. No mês passado, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) ofereceu denúncia contra os envolvidos no crime. “Nós entregamos uma carta ao promotor listando inquéritos que estavam parados nas delegacias. E o caso do meu filho era um deles. Felizmente, veio a denúncia. E já se vão dois anos. Ele só foi denunciado por causa da nossa luta. Do contrário, não teríamos resposta”, garantiu Janaína.

A concentração do ato foi marcada para 16h em frente à Igreja de Nossa Senhora da Candelária. De lá, os manifestantes organizaram uma marcha até a Cinelândia. Participaram, ainda, a mulher do motorista Anderson Gomes e parentes do adolescente Marcus Vinícius da Silva, morto no mês passado no Complexo da Maré durante uma operação policial. Ele vestia um uniforme escolar e, ainda assim, morreu baleado.