Gasolina volta a subir e dolarização assusta donos de postos de combustíveis

Empresários do varejo de combustíveis defendem a adoção urgente pelo governo federal de um sistema "colchão" para amortecer impacto negativo

Com alta acumulada de 10% no primeiro semestre do ano, conforme balanço já anunciado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), para uma inflação de 2,6% (IPCA) no período, a gasolina subiu 0,59% na refinaria (Petrobras) nesta quarta-feira. O litro aumentou para R$ 2,03 – era R$ 2,02. Na semana passada houve outra alta de 1,8%.

Os empresários do varejo de combustíveis defendem a adoção urgente pelo governo federal de um sistema “colchão” para amortecer o impacto negativo da dolarização dos preços no mercado consumidor. “Os preços dos combustíveis são europeus cobrados de salários nativos”, compara o presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Rio Grande do Sul (Sulpetro), João Carlos Dal’Aqua. O conta-gotas dos aumentos “corrói a margem de lucro do varejo e reduz as vendas. Há insegurança no setor”, acrescentou. Na proposta de colchão, quando o preço sobe, o governo baixa o imposto.

Na preocupação dos empresários do setor, destaque para a mudança de comportamento do mercado, acentuada após a greve dos caminhoneiros, em junho. “A sociedade está mais consciente das suas dificuldades na crise da economia e decidiu economizar mesmo. O consumo da gasolina está mais racional. Quem sai à noite usa aplicativo e não seu carro. As vendas após as 20h caíram”, exemplifica.

Impostos

Conforme Dal’Aqua, a alta do preço da gasolina para cobrança do ICMS agravou a situação. “Não temos como baixar preço aos consumidores, compramos gasolina à vista das distribuidoras, mas 70% das nossas vendas são à prazo, por cartões”, explica. A alíquota do ICMS, de 30%, incidia sobre o valor de referência de R$ 4,40 até 30 de junho. No domingo retrasado, a base de cálculo subiu para R$ 4,72.

Além do ICMS soma-se a tributação federal que, segundo o presidente do Sulpetro, totaliza 49% do valor do litro da gasolina pago pelo consumidor. Para Dal’Aqua a dolarização dos preços dos combustíveis, aliada ao peso dos impostos, sacrifica consumidores e revendedores. Mesmo tentando negociar com a União a aplicação de um sistema de colchão, as entidades representantes dos empresários varejistas reconhecem que a matéria não deve avançar dentro do governo em função das eleições. “É difícil, sabemos disso, mas alguma coisa precisa ser tentada”, frisa Dal’Aqua.

Na última pesquisa de preços no Rio Grande do Sul, entre os dias primeiro e sete de julho, a ANP registrou preço médio de R$ 4,70 para o litro da gasolina comum em Porto Alegre. O valor mais alto é apontado em Bagé, de R$ 5,12, e o menor em Novo Hamburgo, de R$ 4,46.