Motoristas da Uber farão carta de repúdio após mudança no cálculo das corridas em Porto Alegre

Grupo vai esperar 24h até que a empresa se pronuncie para definir cronograma de protestos, na semana que vem

Motoristas que dirigem como parceiros da Uber em Porto Alegre decidiram, nesta quarta-feira, em reunião, elaborar uma carta de repúdio à alteração do modelo de cálculo que a empresa utiliza para o pagamento dos colaboradores. Conforme Reinaldo Ramos, presidente da Associação de Motoristas Privados e de Tecnologias (Ampritec), depois do envio, o grupo vai esperar manifestação da empresa por 24 horas. Após esse prazo, os motoristas pretendem realizar protestos caso não haja resposta.

Nessa hipótese, Ramos projeta mobilizações em frente à sede da empresa na Capital, já na semana que vem. “Primeiro a gente vai começar pelo ofício, vamos fazer a manifestação em frente ao prédio deles e também vamos usar tanto a Câmara Municipal quanto a Assembleia”, disse.

A medida já entrou em vigor em Porto Alegre. A partir de agora, o valor pago aos condutores no fim de cada viagem leva em conta o tempo e a distância percorridos, e não mais um referencial fixo. Isso quer dizer que, se o preço antecipado considerou um percurso de 5 km em 15 minutos, mas a viagem foi de 5,5 km e 20 minutos, o motorista vai receber o valor pelo tempo e a distância que efetivamente tiver percorrido. O mesmo acontece, porém, se o percurso e a distância forem menores.

Ramos explica que, nesses casos a Uber passa a cobrar, além de R$ 0,75 por viagem, outro valor de taxa de operação, que é variável. Ele explica que esses valores não são encaminhados para os motoristas e sim para a empresa. O dirigente da entidade disse ainda que os critérios para a variação da taxa de operação não estão sendo divulgados, o que levanta o questionamento.

Conforme a empresa, antes da alteração, o condutor recebia uma taxa fixa de 75% sobre o valor estimado da corrida, com os 25% restantes ficando com a Uber. Em nota, a multinacional garante que “a taxa de serviço paga pelos motoristas parceiros passa a ser variável, calculada a cada viagem”, mas que, independente dessa variação – maior ou menor -, o ganho líquido do motorista não muda.

Ramos criticou a mudança: “Isso foi recebido, não só aqui, mas no Brasil todo, como um golpe da Uber, uma maneira de ela aumentar a sua arrecadação, cobrando mais do passageiro e repassando menos para o motorista. A versão dada pela empresa não é verdadeira. O motorista sempre ganhou em relação à quilometragem e ao tempo, só que ela [Uber] pegava 25% do valor. Agora, além do quilometragem, do tempo e da taxa (de R$ 0,75 por corrida), que fica integralmente para a Uber, há outra, que é operacional e variável”, reitera. De acordo com o dirigente, isso amplia os lucros da empresa e encarece a corrida para o usuário sem refletir em ganho para o motorista.