“Sindicatos pequenos estão fechando”, lamenta Força Sindical sobre fim da contribuição obrigatória

Já para a CUT-RS, momento é de se reinventar

O presidente da Força Sindical no Rio Grande do Sul, Marcelo Furtado, garantiu, na tarde desta sexta, que “os sindicatos pequenos estão fechando”. A declaração decorre da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em manter como facultativo o até então imposto sindical obrigatório. Conforme Furtado, muitos sindicatos estão com dificuldades de fechar até mesmo as convenções coletivas das categorias por problemas de ordem financeira.

“As pessoas não percebem que a retirada do imposto sindical é apenas uma parte dessa retirada dos direitos dos trabalhadores, que começou com a reforma trabalhista”, lamentou Furtado. Além disso, o sindicalista teme que “o Brasil vire uma nova China”, onde os empregados terão de “aceitar calados tudo o que o patrão falar”. Sobre a grande quantidade de sindicatos existentes no País, Furtados denunciou que muitos são criados por parte dos próprios patrões para que a luta de determinadas categorias fique anulada.

O presidente também lembrou que muitas categorias mantêm colaboradores rotativos, como o comércio, o que vai dificultar ainda mais a cooptação de filiados voluntários. “Sabemos que é difícil convencer o trabalhador a doar parte do seu salário. Quando esse trabalhador está em determinado setor apenas de forma temporária, é ainda pior”, ponderou. Ainda reforçou que os sindicatos são obrigados a representar todos os empregados, filiados ou não, mas terão de se manter apenas com os recursos dos contribuintes voluntários.

Já para o secretário-geral da CUT-RS, Amarildo Cenci, o momento é de se reinventar. Segundo ele, desde o anúncio, ainda no ano passado, da extinção da obrigatoriedade da contribuição, a CUT passou a buscar outras formas de buscar recursos e novas filiações. “A reforma trabalhista veio para golpear a sustentabilidade dos sindicatos, e a retirada da contribuição é uma parte desse processo”, avaliou.

“A forma como a retirada da contribuição foi feita, a rapidez e a urgência, teve como objetivo único e exclusivo quebrar a capacidade dos sindicatos de lutar pelos direitos dos trabalhadores”, complementou. Cenci acrescentou que a CUT aproveita o momento para realizar avaliações críticas e buscar alternativas organizacionais, como estratégias conjuntas e uso de estruturas compartilhadas entre entidades diferentes.