Sul e Sudeste tinham 91% dos municípios mais desenvolvidos em 2016

Resultado do IFDM mostra que desigualdade ainda persiste, dividindo o País entre Norte e Sul

No Brasil, o desenvolvimento econômico e social dos municípios segue extremamente desigual entre as metades Norte e Sul. É o que mostra o resultado mais recente do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), divulgado hoje. Organizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, com base em dados de 2016, o IFDM 2018 monitora os indicadores sociais em 5.471 municípios, onde vive 99,5% da população brasileira. Para compor o índice, que voltou a subir após três anos de queda, são usadas estatísticas oficiais sobre saúde e educação básicas, como número de matrículas escolares e mortalidade infantil, além das taxas de emprego e renda.

No ranking dos 500 municípios mais desenvolvidos, segundo o IFDM, estão principalmente as cidades das regiões Sudeste (50%) e Sul (41%). A região Centro-Oeste ocupa 7% dessa lista, enquanto Nordeste ocupou apenas 8 posições entre os 500 maiores IFDMs do país (1,6%). Já na Região Norte, apenas Palmas, capital do Tocantins, figura entre os municípios com melhor desempenho, representando 0,4% desse “grupo de elite”.

Já entre os 500 municípios com menor desenvolvimento do país, 68% estão no Nordeste e outros 28%, nos estados do Norte. Nessa última região, por exemplo, mais de 60% das cidades tinham desenvolvimento considerado baixo (entre 0 e 0,4) ou regular (entre 0,4 e 0,6) em 2016. No Nordeste, metade dos municípios também está nessa condição.

Bahia (34%), Maranhão (20%) e Pará (13%) foram os estados com maior quantidade de representantes entre os 500 municípios pior classificados no ranking. Juntas, as regiões Norte e Nordeste somaram 87,7% do total de municípios com pior desenvolvimento econômico e social do Brasil, segundo o IFDM 2018.

“A desigualdade parece estar cristalizada. Nos últimos 10 anos, os municípios das regiões Norte e Nordeste pouco conseguiram entrar no grupo dos municípios mais desenvolvidos”, explica Jonathas Goulart, da Divisão de Estudos Econômicos da Firjan.

Segundo o levantamento, o único movimento observado na última década foi uma redução de municípios do Nordeste e aumento dos municípios do Norte entre os piores colocados na classificação de desenvolvimento. Bahia e Piauí, por exemplo, retiraram 35 e 15 municípios, respectivamente, da lista dos menos desenvolvidos, enquanto Amazonas (17) e Pará (14) engrossaram ainda mais as estatísticas de cidades com baixo desenvolvimento.

Dinamismo do Centro-Oeste
Entre as disparidades regionais que seguem dividindo o desenvolvimento de municípios entre o Norte e o Sul do País, a Região Centro-Oeste foi a que apresentou o maior salto qualitativo, dobrando a participação entre os municípios mais desenvolvidos, que antes era de apenas 3,5% e agora está em 7%.

“Esse dinamismo do Centro-Oeste, a gente pode atrelar ao desenvolvimento do agronegócio. Os municípios dessa região conseguiram transformar o desenvolvimento da vertente de emprego e renda em melhorias na área de educação e saúde, refletindo na colocação do índice geral”, explica Jonathas Goulart.

Além disso, os municípios da porção mais central do país alcançaram nível de desenvolvimento que antes era exclusividade das regiões Sul e Sudeste. Ao todo, 92,4% dos municípios do Centro-Oeste apresentaram desenvolvimento moderado (entre 0,6 e 0,8) e alto (entre 0,8 e 1).