CPI da Lava Jato vai aumentar descrença da população, considera procurador da força-tarefa

Em Porto Alegre, Carlos Fernando dos Santos Lima também estimou que o STF mantenha Lula preso e descartou pedido de desculpas a Gleisi

Procurador da Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima. Foto: Lucas Rivas

Enquanto a Câmara Federal discute a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Operação Lava Jato na Casa, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a equipe da força-tarefa em Curitiba, mostrou-se tranquilo em meio a costura dos parlamentares sobre a eventual investigação. Ele disse, porém, acreditar que os deputados serão ainda mais criticados caso a CPI avance.

“Uma CPI para desacreditar a Lava Jato apenas para fazer o uso dela politicamente só vai trazer a descrença da população, ainda mais grave a respeito do uso desse instrumento (CPI)”, declarou, em Porto Alegre, na tarde desta sexta-feira.

Na Capital, o procurador realizou palestra sobre os “Desafios do combate à corrupção para a democracia e o Ministério Público”, na Fundação Escola Superior do Ministério Público (FMP).

Sobre o novo pedido de soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com julgamento marcado para terça-feira pela 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), Santos Lima ressaltou que o Direito não é uma ciência exata, mas acredita que não deva haver uma reversão da prisão do petista.

“Certeza é uma das coisas mais difíceis de se ter em Direito, mas todos os elementos jurídicos apontam que não há nenhum fundamento real para se conceder nenhum tipo de beneficio ao ex-presidente. Por isso, nós cremos que será mantida a prisão”, destacou.

Um dia após a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) ter vindo a público para questionar os envolvidos no processo que, segundo a parlamentar, desgastaram a imagem dela nos últimos anos e, inclusive, falar que merece um pedido de desculpas, o procurador da Lava Jato rebateu.

“Ninguém deve pedir desculpas. A acusação foi feita, ela foi absolvida por três a dois, mas assim como nós não exigimos que ninguém peça perdão quando condenado, nós também não temos que oferecer desculpas a nenhum que foi inocentado. Isso faz parte das vicissitudes do processo”, afirmou.

O procurador ainda defendeu a flexibilização em torno do foro privilegiado e alertou para movimentos distintos defendendo regimes ditatoriais para o Brasil. “Precisamos melhorar a nossa democracia”, concluiu.