Passo Fundo: Polícia recolhe centenas de veículos em operação contra quadrilha do “bilhete premiado”

Três prisões foram confirmadas até o momento

A Polícia Civil prendeu três pessoas e apreendeu mais de 100 veículos, entre carros e motocicletas e embarcações, em meio à operação Pólis, deflagrada hoje em Passo Fundo, no Norte gaúcho. Cerca de 430 policiais, em 140 viaturas e um helicóptero, cumpriram 127 ordens judiciais, a fim de desbaratar uma quadrilha suspeita de estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A estratégia: o conhecido “conto do bilhete premiado”.

A Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas de Passo Fundo (Defrec) e a 6ª Delegacia de Polícia Regional iniciaram as investigações ainda em maio de 2015, quando constataram que os veículos envolvidos na prática dos crimes tinham placas de outras cidades. Os agentes descobriram, então, que comprovantes de moradia eram falsificados para emplacar os automóveis.

Em três anos, a Polícia Civil identificou mais de 180 envolvidos na atividade criminosa, entre pessoas físicas e jurídicas e localizou bens móveis e imóveis em nome de terceiros, o que motivou a representação pelas buscas, apreensão e bloqueio dos bens.

Entenda o esquema

O golpe consiste em uma simulação teatral em que um dos estelionatários finge ser uma pessoa humilde ou analfabeta para, nas imediações de bancos, abordar a vítima, geralmente uma pessoa idosa e aparentando situação financeira favorável.

De acordo com a Polícia, a pessoa pergunta onde fica a Caixa Econômica Federal e pede ajuda, dizendo possuir um bilhete lotérico premiado. Na sequência, aparecem mais dois criminosos, um deles simulando ser médico ou advogado e o terceiro, bancário. O personagem “humilde”, então, pede auxílio à vítima e ao suposto médico/advogado para sacar o prêmio e promete gratificação, mediante uma garantia em dinheiro. O segundo criminoso finge ter uma quantia em dinheiro vivo e a vítima do golpe, depois de sacar os valores no banco, é abandonada e o golpe, concluído. Em alguns casos, conforme os investigadores, a vítima percebe a farsa e tenta desistir do “acordo”, mas acaba sendo roubada ou sofre violência, mesmo que psicológica.

De acordo com a Delegacia de Furtos, Roubos e Capturas de Passo Fundo, a cidade se tornou “berço” de uma quadrilha especializada nesse tipo de crime, aplicado nos três estados do Sul, em Minas Gerais e em São Paulo. É em Passo Fundo, segundo os investigadores, que a quadrilha se organiza, treina o “teatro”, adquire veículos e investe o dinheiro, em contas de laranjas ou parentes ou comprando joias e imóveis de luxo.