TRF4 mantém prisão temporária de empresário acusado de locaute na Serra gaúcha

Vinicius Pellenz deve permanecer detido até segunda-feira em Porto Alegre

A desembargadora federal Cláudia Cristina Cristofani, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), negou, no fim da tarde desta sexta, o pedido de habeas corpus e manteve a prisão temporária, até segunda-feira, do empresário Vinícius Pellenz. Ligado à empresa de logística Irapuru, de Caxias do Sul, ele é acusado de locaute durante a greve dos caminhoneiros, encerrada ontem.

Detido em Xangri-lá, no litoral Norte, Pellenz teve decretada a prisão temporária pela operação Unlocked, da Polícia Federal, nessa quinta, para apurar denúncia de que vinha constrangendo, mediante violência e ameaça, motoristas de caminhões da região de São Sebastião do Caí, Bom Princípio, Feliz, Vale Real, Vila Cristina e Caxias do Sul a aderirem ao movimento de paralisação, o que caracteriza o crime de locaute.

A paralisação promovida por empresários para atender a interesses próprios, definida como locaute, é ato considerado crime contra a organização geral do trabalho e delito de associação criminosa.

A defesa do empresário, que permanece detido em Porto Alegre, alegou que a custódia era desnecessária à investigação e que Pellenz mantém residência fixa. Também negou evidências de que o empresário tenha ameaçado trabalhadores.

Segundo a desembargadora, a prisão temporária é essencial à investigação. Ela ressaltou que há um depoimento do gerente da empresa Agrosul informando que dois motoristas da empresa foram ameaçados pelo empresário em ligações em celular e mensagens em WhatsApp.

A relatora acrescentou ainda que o MPF apura a possibilidade de que o preso tenha agido em conluio com o irmão Marcos Pellenz e o pai Celso Pellenz, proprietários e administradores da Irapuru Transportes. Há ainda a possibilidade de envolvimento, no locaute, de Júlio Cesar Fagundes, proprietário do Posto de Combustíveis Fagundes e da Distribuidora Serra Diesel, o que levanta a suspeita de associação criminosa.

Segundo a assessoria da Irapuru, que opera no mercado há 48 anos, Vinícius Pellenz não ocupa cargo, não é sócio da empresa e qualquer “pretensa ação que lhe seja imputada” não expressa a posição da companhia.

Por meio de nota, a empresa garante que opera normalmente e que espera que as informações divulgadas pela imprensa, de uma suposta participação na greve dos caminhoneiros, sejam esclarecidas o mais rápido possível. A Irapuru afirmou também ter sofrido os efeitos da paralisação.