Governo Maduro monta “operação” para convencer eleitor a votar

Oposição lidera uma campanha pela abstenção. EUA não vão reconhecer resultado

Pouco antes das urnas na Venezuela fecharem neste domingo, o presidente Nicolás Maduro mobilizou os partidários para fazer um “remate” – uma operação para convencer os eleitores a saírem de casa e votarem, desafiando a campanha da oposição pela abstenção.

O constituinte Diosdado Cabello – um dos homens mais influentes do governo – negou as acusações de dois candidatos opositores à Presidência, Henri Falcón e Javier Bertucci. Ambos acusaram o Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV) – no poder há 18 anos – de instalar “pontos vermelhos” a menos de duzentos metros dos centros de votação. Os eleitores são encorajados pelo governo a se apresentarem nessas barraquinhas, depois de votar, para assinar e mostrar a Carteira da Pátria – um cartão usado para obter produtos subsidiados, em um país que enfrenta escassez de alimentos e remédios.

A oposição acusa o governo de usar esse sistema para coagir os eleitores, que temem perder os benefícios se não comparecerem. Maduro chegou a oferecer durante as últimas semanas um bônus através da carteira para quem se dispunha a votar livremente. A medida foi proibida pelas autoridades, mas o presidente não retirou os benefícios concedidos até agora.

“Essa é uma desculpa [dos candidatos opositores] para explicar a falta de votos”, disse Cabello. “Não temos culpa se eles não se mobilizaram e organizaram. Nós sim, há muito tempo”, acrescentou, ao explicar que o PSUV montou uma estrutura para monitorar “até a última rua” do país.

Nas eleições venezuelanas, os partidos podem instalar pontos de observação, contanto que fiquem a 200 metros de distância. “Querem manchar [a eleição] dizendo que temos pontos a 193 metros em vez de 200 metros”, disse Cabello.

“Que diferença faz isso? Nossa votação é mais eficiente”, acrescentou, antes de pedir a “máxima mobilização” por parte dos militantes do partido para aumentar a participação eleitoral.

As eleições ocorrem em meio à convocação de boicote feita pela Mesa da Unidade Democrática (MUD), a principal aliança da oposição, que decidiu não participar do pleito por considerá-lo fraudulento.

Oposição
Segundo colocado nas pesquisas, o candidato Henri Falcón denunciou mais de 350 violações às regras eleitorais cometidas pelo partido de Nicolás Maduro.

EUA
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, classificou hoje as eleições presidenciais na Venezuela como “fraudulentas” e disse que elas “não mudam nada” no cenário do país.

“Observando hoje [o que acontece na] Venezuela. As fraudulentas eleições não mudam nada. É preciso que o povo venezuelano dirija este país… Uma nação com tanto para oferecer ao mundo”, escreveu Pompeo no Twitter.

Os Estados Unidos anteciparam há um mês que não vão reconhecer o resultado do pleito de hoje, o vice-presidente do país, Mike Pence, pediu recentemente para Maduro suspender as eleições, consideradas por ele como “falsas”.