Vivendo no país mais fechado do mundo: um passeio pela Coreia do Norte

Já pensou como seria viver no país mais fechado do mundo? Pois essa realidade foi contada hoje aqui, na Rádio Guaíba, pelo diplomata brasileiro Cleiton Schenkel, que atua como encarregado de negócios na embaixada brasileira na Coreia do Norte. Mesmo com uma reaproximação com a vizinha do Sul e a tendência de acabar com o programa nuclear, a nação segue com rígidos padrões de regulação social e econômica – alguns dos quais você confere nessa reportagem.

Inicialmente, Schenkel confirmou que, junto à esposa e ao filho, formam a única família brasileira a viver na Coreia do Norte. Eles estão na Ásia há cerca de dois anos e confirmam as grandes diferenças culturais vivenciadas no dia a dia dos norte-coreanos. Sobre a internet, garantiu que “nós, estrangeiros, temos acesso quase que total aos sites, à informação, mas o mesmo não vale para os cidadãos”.

Os telefones, do mesmo modo, são controlados e não é possível ligar de uma linha destinada a estrangeiros para um contato local. “Se eu quiser falar com os funcionários da embaixada, por exemplo, preciso usar um telefone local”, contou Schenkel. Os locais também têm acesso restrito aos canais de televisão, reservados às emissoras estatais, e aos sites de internet: no total, apenas 28 páginas da web são liberadas para livre acesso dos norte-coreanos, que segundo o diplomata, “acessam muito através de seus celulares”, padrão usual também em outras partes do mundo.

Questionado sobre os hábitos locais, disse que os cidadãos são extremamente organizados e metódicos, seguindo rígidos padrões de conduta. Também afirmou que, mesmo sendo representante legal de outra nação, tem contato restrito e quase inexistente com a população. “Posso circular livremente por quase todos os lugares, mas a comunicação com eles é quase inexistente”, disse ele.

Já os turistas que desejarem se aventurar pela Coreia do Norte precisam seguir as normas do governo. É preciso solicitar a entrada no país e, uma vez lá, obedecer às regras estipuladas e não se afastar dos guias. Há agências de turismo especializadas nesse serviço. É proibido circular livremente pelas ruas da Capital, Pyongyang, única cidade liberada para visitação. À noite, os turistas também são proibidos de sair do hotel desacompanhados.

O caminho contrário é ainda mais complicado. Até para circular ou trocar de residência entre as diferentes províncias dentro do país é necessária autorização governamental, que nem sempre é concedida. Sair do país, então, é praticamente impossível: é provável que muitos cidadãos nasçam e morram na mesma cidade.

Apesar das grandes diferenças entre Brasil e Coreia do Norte, Schenkel ressalta a cordialidade do povo local, que é bastante receptivo. Além disso, os coreanos valorizam fortemente a educação e o esporte, ainda que muitas vezes só consigam acompanhar os jogos com horas de atraso, já que a programação ao vivo é inexistente – é preciso que tudo seja pré-aprovado pela censura.

E aí, ficou com vontade de conhecer esse país tão diferente? Em setembro do ano passado, os pacotes para cinco dias partindo de Pequim, na China, estavam sendo oferecidos por R$ 6 mil.

Reportagem: Ananda Müller