Policiais civis fazem dia de paralisação amanhã para protestar por morte de colega

Policiais Civis devem cruzar os braços nesta quinta-feira, das 8h às 18h

Helicóptero auxilia nas buscas pelos criminosos que mataram policial civil. Foto: Álvaro Grohmann / Especial CP
Leandro de Oliveira Lopes tinha 30 anos e estava na Polícia Civil há cinco meses / Foto: Reprodução.

Como uma forma de protesto pelas condições de trabalho da categoria e homenagem ao policial civil Leandro de Oliveira Lopes, de 30 anos, que morreu na madrugada desta quarta-feira durante uma operação policial no Vale do Caí, o Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores da Polícia Civil do Rio Grande do Sul (Ugeirm) convocou a categoria para fazer um dia de paralisação e um sirenaço amanhã. Lopes trabalhava na Delegacia de Homicídios de Canoas e foi baleado, enquanto participava de uma operação para cumprimento de mandado de prisão de um foragido ligado a uma facção criminosa gaúcha. Foi após o tiro que dois criminosos fugiram pelos fundos da casa.

Segundo o presidente do Sindicato da categoria, Isaac Ortiz, os policiais devem cruzar os braços nesta quinta-feira, das 8h às 18h. Com essa ação, eles pretendem questionar a forma como as operações vêm sendo cobradas pelo governo gaúcho. “Nós temos alguns questionamentos que estamos fazendo que é, primeiro, o número excessivo de operações ocorridas na polícia, quase que operações em série e acho que não estamos tendo os cuidados que precisávamos ter nessas operações. [Segundo], criticar, também, esse projeto que cobra meta dos policiais em operações e investigações. Nós não estamos falando de uma fábrica de garrafas, mas sim de seres humanos”, criticou Ortiz.

A paralisação acontecerá em todo o Estado no dia do sepultamento de Lopes. No momento em que o corpo do policial for enterrado, os servidores da Polícia Civil farão um sirenaço. As informações sobre os atos fúnebres serão divulgadas nesta tarde.

Mais de cem policiais civis e militares estão mobilizados nas buscas dos dois criminosos. Um cerco foi montado na ERS 124 e abordagens nas estradas estão sendo realizadas para identificar os suspeitos. Um helicóptero também está auxiliando nas buscas.

Aulas suspensas

A prefeitura de Pareci Novo decidiu suspender as aulas de duas escolas na região após a morte do policial. A informação foi confirmada pelo prefeito do município, Oregino José Francisco. As instituições que estão fechadas durante o cerco são Escola José Pedro Mendel e Catharina Fridolina Weissheimer.

“A primeira atitude que estamos tomando é suspender as aulas em duas localidades próximas do ocorrido. Estamos avisando as pessoas para que fiquem em suas casas e que possam contribuir com informações para a captura dos suspeitos. A suspensão das aulas é justificada porque os ônibus passam por esta região para transportar os alunos. Então, para evitar problemas, todo mundo ficará em casa”, resumiu Francisco.

Disparo pelas costas

O policial Leandro Oliveira Lopes foi atingido por um tiro de fuzil pelas costas durante a operação na madrugada desta quarta. No momento do disparo, 20 agentes cumpriam mandado de prisão contra um criminoso ligado a uma facção de Canoas. O suspeito já foi indiciado por vários homicídios na região. Ao chegarem ao sítio, no interior de Pareci Novo, dois homens atiraram contra os policiais civis, que revidaram.

Após atingir Lopes, os suspeitos fugiram pelos fundos da casa. O diretor do Departamento de Polícia Metropolitana, delegado Fábio Motta Lopes, relatou que os homens conseguiram se deslocar para uma área de difícil acesso. “É uma mata bastante fechada, tem morro, tem pedra, então é uma área de difícil ingresso”, explicou.

Leandro era ex-policial militar e ingressou na Polícia Civil no ano passado, na última turma de aprovados para o concurso público para a corporação, e havia concluído em dezembro o curso de formação. Ele era casado e deixa uma filha de oito meses.