Com Santos liberado, exportação de gado vivo aumenta

O Brasil deverá exportar 650 mil bois vivos neste ano. Se as estimativas se confirmarem, as vendas externas brasileiras de animais voltarão aos melhores patamares anuais, atingido os números de 2013 e de 2014.

As expectativas são de Bruno Lucchi, superintendente técnico da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

Essa meta fica mais plausível porque o porto de Santos volta a ser um canal de exportação. Lei municipal, que impedia o trânsito e exportação de animais vivos pela cidade, foi derrubada pelo STF(Supremo Tribunal Federal) na terça-feira (24).

Lucchi, da CNA, entidade que pediu a suspensão da lei municipal que impedia o acesso do gado vivo ao porto, diz que “o país segue regras internacionais e não podem ser criados precedentes nessa atividade”.

As exportações brasileiras deste ano crescem muito, e a participação do porto de Santos também. De janeiro a março foram exportados 143 mil animais, e 17,5% saíram por Santos. No ano passado, a participação do porto era de apenas 6,6%.

Em 2018, o Brasil não tem mais o grande parceiro importador de há alguns anos, a Venezuela. Em 2014, dos 252 mil animais que saíram das fronteira brasileiras nos três primeiros meses do ano, 208 mil foram comprados pelos venezuelanos.

A crise econômica se acentuou no país vizinho e, no primeiro trimestre deste ano, a Venezuela não fez importações de gado no Brasil.

O grande parceiro agora é a Turquia, que ficou com 103 mil dos animais exportados no primeiro trimestre do ano. O Líbano vem a seguir, com 17,5 mil animais.

AGREGAR VALOR

Para Lucchi, existe uma discussão sobre a exportação de gado vivo, sobre o fato de não agregar valor.

“Há, porém, espaço para tudo”, diz ele. O Brasil deve atuar em todas as pontas da cadeia. “Manter uma estratégia de agregar valor, mas não sufocar as outras formas de exportação.”

Essa política de abrir várias frentes de exportação é importante neste momento porque a Rússia fechou a importação de carne suína e a União Europeia aumentou as barreiras para o frango brasileiro. O resultado de tudo isso é uma queda de preços internos, que chega também à carne bovina.

Para o superintende da CNA, tudo isso ocorre em um momento de produção elevada de proteínas, milho em alta e preços da carne em baixa.

O cenário para os próximos meses também não é favorável. Os países importadores tomam como base essas barreiras para reduzir preços nos contratos que serão assinados pela frente, afirma Lucchi.

(Folha de S.Paulo)

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