Vigília em Porto Alegre pede justiça pela morte da vereadora Marielle Franco

Uma vigília em Porto Alegre ocorreu em homenagem à vereadora Marielle Franco (PSol-RJ), morta em março no Rio de Janeiro. Centenas de pessoas iniciaram uma caminhada a partir da Esquina Democrática e seguiram pelas ruas do Centro da Capital, na noite desta sexta-feira. O ato pede justiça e a prisão dos responsáveis pelas mortes da vereadora e do motorista Anderson Gomes, que conduzia o carro dela na noite de 14 de março. Organizada pelo PSol, a manifestação iluminada com velas reuniu cerca de 500 pessoas.
“Até agora não tivemos respostas sobre quem matou e sobretudo quem matou matar. Esse ato é por justiça e para pressionar as autoridades. A morte da Marielle não pode ficar impune. Se não investigar a morte dela os crimes violentos no Brasil também ficarão impunes”, disse Gilvandro Antunes, da executiva estadual do PSol.
Figuras políticas também acompanharam a manifestação que também criticou a intervenção militar no Rio de Janeiro. A deputada Maria do Rosário (PT-RS) pediu união para combater o ódio político. “Sejamos unidos entre nós e que o enfrentamento seja contra os senhores do ódio que saíram do tempo da ditadura para ocupar os tempos atuais. Ocupando a política com as suas propostas de violência e de ódio”, disse a deputada petista.
“Marielle é um símbolo da violência política contra alguém que levanta do meio do povo, que é negra, que vem da periferia, que fala do lado da população pela luta dos direitos humanos. Marielle, portanto, merece de nós que possamos caminhar com a vela acesa aqui e em todo lugar contra os senhores do ódio. Estejam eles no Congresso Nacional ou nos palanques”, acrescentou.
Em coro, os participantes gritaram frases como “Marielle vive, Marielle viverá, mulheres negras não param de lutar”, “Marielle eu digo não, eu digo não à intervenção”, “Marielle perguntou, eu também vou perguntar, quantos mais tem que morrer pra essa guerra acabar”.
A ex-deputada Luciana Genro (PSol-RS), que liderou o protesto junto a líderes de movimentos e coletivos sociais, disse que o assassinato da vereadora está ligado ao fato de ela denunciar o “genocídio da população negra e das comunidades pobres do Rio de Janeiro”.
A vereadora (PSol-RS) Fernanda Melchionna cobrou respostas sobre os responsáveis pela morte da companheira de partido. “A cada dia que passa neste silêncio mordaz, na ausência de respostas dos executores, sobretudo, de quem mandou puxar o gatilho pra silenciar as lutas que a Marielle fazia. As denúncias contra as milicias criminosas que nascem dentro deste regime político apodrecido e que tem forças militares explorando a favela”, discursou.
Segundo o deputado Pedro Ruas (PSol-RS), o nome da Marielle Franco já é simbolo de lutas pelos direitos humanos no Brasil. “Fica para nós a obrigação de cumprir a justiça. A causa cresceu mil vezes e nós teremos justiça porque não descansaremos enquanto não tivermos quem definiu, quem determinou e quem matou Marielle Franco. Outra gerações irão de lembrar que foi o seu sacrifício que fez esta luta crescer”, encerrou.
Pronunciamentos destacaram a importância da luta da vereadora contra o racismo, a discriminação e a desigualdade, mas também consideraram inexplicável a demora na elucidação do caso. “As balas do racismo mataram Marielle”, afirmaram vários manifestantes.
“A sociedade precisa saber quem matou Marielle e por quê. A cada dia que passa e este caso permanece sem respostas, o risco e ameaças em torno dos defensores e defensoras de direitos humanos aumentam”, afirmou a diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck,
Em diversas cidades do Brasil eram previstos protestos com marchas semelhantes ao de Porto Alegre, entre as quais Pelotas (RS), São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, por exemplo.
* Com informações dos repórteres Lou Cardoso e Heron Vidal