Acusado de assédio, prefeito de Não-Me-Toque se declara surpreso com vídeo de inquérito no WhatsApp

Alvo de denúncias de assédio sexual, o prefeito de Não-Me-Toque, Armando Carlos Roos (PP), divulgou nota oficial, hoje, dizendo-se surpreendido, por meio das redes sociais, com a divulgação de documentos referentes ao inquérito policial. Ele também garante estar tomando as providências cabíveis sobre a divulgação de “vídeos de caráter pessoal”.
Sobre a gravação em que conversa com uma suposta vítima e fala que “não quer namorar de graça”, sugerindo que a mulher o acompanhe até o apartamento em que mora, o prefeito, de 73 anos, sustenta que a servidora se utilizou da confiança dele para fazer o vídeo. “Importante referenciar que mostra tão somente diálogo ocorrido entre o Prefeito Armando Carlos Roos e a suposta vítima, sendo que esta seria nomeada para um cargo de confiança, junto à Secretaria Municipal de Obras. A suposta vítima utilizou-se da confiança do prefeito para gravar o referido vídeo, e somente um ano depois vem a público divulgá-lo, após a sua exoneração”.
Na nota, Roos lamenta o episódio ocorrido e reitera que as ações da gestão dele sempre foram pautadas pelo respeito e obediência às leis, às autoridades e sobretudo à comunidade.. “Peço desculpas pelo fato em questão, principalmente pelo mesmo ter ocorrido junto ao Gabinete, o que acabou elevando a repercussão do caso”.
Veja a nota na íntegra:
” Carlos Roos, Prefeito Municipal de Não-Me-Toque/RS vem a público em respeito a verdade e a opinião pública, manifestar-se sobre a acusação de assédio sexual, esclarecendo o seguinte:
O Prefeito ainda não foi citado da ação penal referente ao fato noticiado, tendo sido surpreendido através das redes sociais com a divulgação de documentos referente (sic) ao inquérito policial, sendo que está tomando as providencias cabíveis quanto a responsabilização das pessoas e entidades envolvidas com a publicidade indevida dos documentos e vídeo de caráter pessoal.
No que refere ao vídeo que vem sendo compartilhado junto ao aplicativo de mensagens instantâneas, Whatsapp, importante referenciar que mostra tão somente diálogo ocorrido entre o Prefeito Armando Carlos Roos e a suposta vítima, sendo que esta seria nomeada para um cargo de confiança , junto a Secretaria Municipal de Obras. A Suposta vítima utilizou-se da confiança do prefeito para gravar o referido vídeo, e somente um ano depois vem a público divulga-lo, após a sua exoneração.
O assédio relatado pela suposta vítima será devidamente apurado durante a instrução processual, se houver o recebimento da denúncia.
Por inúmeros motivos lamento este episódio, manifestando que as minhas ações sempre foram pautadas pelo respeito e obediência as leis, as autoridades e sobretudo a Comunidade Não-Me-Toquense, a qual peço desculpas pelo fato em questão principalmente pelo mesmo ter ocorrido junto ao Gabinete, o que acabou elevando a repercussão do caso”. 
Entenda o caso
A Polícia Civil abriu inquérito para investigar duas denúncias de assédio sexual contra o prefeito. Segundo o delegado Gerri Adriani Mendes, responsável pelo caso, há três registros feitos por duas vítimas diferentes. O primeiro deles ocorreu no segundo semestre de 2017, mas, pouco após comparecer à delegacia, a vítima desistiu de representar contra o prefeito. Dois meses depois, entretanto, depois de ter afirmado sofrer retaliação por parte do acusado (a mulher, servidora de carreira da prefeitura, supostamente rebaixada de cargo por não ceder às investidas do prefeito), ela retornou à delegacia e registrou ocorrência.
Como o acusado detém foro privilegiado, o processo tramita no Tribunal de Justiça, um procedimento normal nesses casos. Há cerca de 20 dias, segundo o delegado, o Judiciário autorizou a investigação da primeira denúncia de assédio. O caso chegou ao Ministério Público, que solicitou diligências e investigação policial.
Após o início da primeira investigação, um novo caso de assédio envolvendo Roos chegou às mãos do delegado. A vítima exercia um cargo de confiança na Prefeitura de Não-Me-Toque. Ela garante ter sido exonerada do posto após divulgar um vídeo em que expõe as tentativas do prefeito. Em conversa com a vítima, na gravação, Roos fala que “não quer namorar de graça” e sugere que a mulher o acompanhe até o apartamento dele. Em troca, ele promete contratar a vítima em troca de favores sexuais, conforme o relato da funcionária.
Além do vídeo, a vítima também entregou à polícia conversas de WhatsApp entre ela e o prefeito. O material foi juntado à denúncia e encaminhado ao Poder Judiciário, por questões de foro privilegiado. A gravação acabou caindo nas redes sociais – segundo a polícia, provavelmente através da própria vítima, que mantinha o material bruto no celular pessoal.
No início da semana passada, a primeira denunciante voltou à delegacia para pedir medidas protetivas no âmbito da Lei Maria da Penha. Ela contou ainda estar sendo perseguida. A segunda denunciante também requereu proteção policial alegando ter sofrido ameaças.

WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
Sair da versão mobile