Prisões de amigos do presidente Michel Temer repercutem no Rio Grande do Sul

É rápida em solo gaúcho a repercussão das prisões do advogado José Yunes e do coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo João Baptista Lima Filho, amigos pessoais do presidente Michel Temer. As prisões foram efetuadas pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira, como parte da Operação Skala, que apura se houve pagamento de propina para beneficiar empresas no decreto dos portos, editado pelo governo Temer em maio do ano passado.
Também foram presos o ex-ministro da Agricultura, Wagner Rossi, e um dos donos da empresa Rodrimar, Antonio Celso Grecco. As prisões foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, relator do inquérito que investiga o suposto envolvimento do presidente no caso.
“O governo terminou. Não é o começo do fim. É o fim do fim. A situação agora está como no caso Watergate, aquele que resultou na renúncia do presidente Richard Nixon nos Estados Unidos, nos anos 70. Todos em uma determinada esfera estavam envolvidos e todos eram amigos do presidente. Então, quem estava envolvido? O presidente. Prenderam todos os homens do presidente. Só não prenderam o presidente porque é presidente”, elencou, na manhã desta quinta, o presidente estadual do PDT e deputado federal Pompeo de Mattos. Segundo Pompeo, as sucessivas denúncias envolvendo o governo e o acirramento político estão gerando uma situação insustentável no Congresso. “Virou um salve-se quem puder.”
O presidente estadual do PP, Celso Bernardi, disse que o partido não pode ter compromisso com erros. “Se cometeram erros precisam ser punidos, independente de que lado estejam”, adiantou. Segundo ele, não há como as lideranças políticas não ficarem preocupadas. “Chegamos a um momento muito tenso das relações entre os poderes e precisamos conseguir fazer uma eleição que represente o que o país precisa, um governo com legitimidade, nascido realmente da vontade livre do cidadão.”
O presidente do MDB gaúcho e deputado federal Alceu Moreira admitiu que as prisões podem fragilizar o presidente Michel Temer. “Não é porque é ele, qualquer pessoa fragilizaria. E são pessoas ligadas ao presidente. Então, mesmo com todas as respostas que possam dar, com certeza atrapalha o governo.” Mas lançou questionamentos sobre a natureza e o dia das prisões. “São prisões recém-efetuadas. Precisamos primeiro ver se há natureza política, porque o cenário tem nos mostrado que o próprio Supremo Tribunal Federal (STF) está impregnado de natureza política. Parece proposital. Quando a população começa a ter uma percepção direta dos resultados do governo, sai uma denúncia. E na quinta-feira santa, quando há um vazio de notícias.”
Questionado sobre o impacto sobre o MDB gaúcho e os integrantes da sigla, que disputarão as eleições de outubro, o deputado optou por minimizar o dano. “Vamos deixar muito claro: no sistema político brasileiro o MDB gaúcho acaba não tendo nenhuma relação com estes fatos”, resumiu.