Ex-namorados mandaram matar garoto de programa com mais de 100 facadas, revela Polícia

A Polícia Civil confirmou hoje ter elucidado um crime passional, cometido com requintes de crueldade, em Porto Alegre. A titular da 5ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (5ªDPHPP), delegada Luciana Smith, anunciou o desfecho da investigação iniciada com a descoberta do corpo de Fernando Chaves Gomes, de 21 anos, com mais de 100 facadas, na manhã de 16 de dezembro do ano passado no bairro Mário Quintana, na zona Norte da Capital. “Chamou a atenção por que fugia da realidade que vivenciamos cujo pano de fundo é o tráfico”, explicou. “Não era um crime comum em razão da guerra do tráfico”, acrescentou.
Primeiro, a Polícia buscou informações com a família de Gomes, residente em Passo Fundo, e que havia registrado o desaparecimento dele. Os agentes descobriram que ele havia sido atraído para uma cilada na Capital. Um ex-companheiro dele, de 34 anos, e uma ex-namorada do jovem, de 24, se uniram para arquitetar o crime como forma de vingança. “Ele por que a vítima não queria mais manter o relacionamento e ela por que descobriu que o ex era garoto de programa”, esclareceu a delegada. “Foi uma brutalidade. Eles passaram a planejar a execução”, resumiu.
O inquérito, com cerca de 500 páginas, com provas materiais como vídeos, áudios e testemunhas, deve ser remetido nos próximos dias ao Poder Judiciário. Os envolvidos no caso seguem presos, mas o ex-companheiro do jovem, que era empresário, cometeu suicídio em São Paulo dias antes de ser preso. “Foi uma grande surpresa”, admitiu a delegada.
Luciana Smith contou que Gomes e a ex-namorada, moradora de Parobé, tiveram três meses de relacionamento. Depois, já com o empresário, que também era garoto de programa nas horas vagas, a vítima teve um relacionamento de cerca de seis meses em São Paulo. De acordo com a Polícia, o rompimento motivou o desejo de vingança.
Conforme apurado pelos agentes da 5ªDPHPP, o empresário acabou entrando de algum modo em contato com a ex-namorada do jovem, que se revoltou ao saber da atividade dele, de garoto de programa, e passou a temer pela imagem dela em Parobé. Juntos, os dois articularam um plano que envolveu o recrutamento de dois integrantes de uma facção criminosa de Porto Alegre.
Uma adolescente agiu como isca, fazendo contato e atraindo Gomes para uma relação sexual que ocorreu em um hotel em Passo Fundo. Depois, o jovem foi atraído a vir até a Capital, onde desembarcou no fim da noite de 15 de dezembro na Estação Rodoviária. Com a adolescente e uma amiga dela, ele seguiu até o bairro Mário Quintana. Lá, três criminosos, incluindo um menor de idade, renderam e amarraram a vítima em um apartamento. Espancado e esfaqueado, ele foi deixado agonizando em frente a um supermercado na estrada Martim Félix Berta no fim da madrugada do dia 16.
A delegada observou que vídeos e áudios dos envolvidos no crime foram reunidos no inquérito, além de relatos de testemunhas e de laudos da perícia. As imagens foram enviadas à ex-namorada e ao ex-companheiro da vítima como prestação do serviço realizado, custou em torno de R$ 8 mil para o empresário.
Em um dos vídeos gravados durante a sessão de tortura e esfaqueamento, o jovem fica sabendo o motivo e quem havia encomendado o crime. “Ele implorou pela vida”, assinalou a delegada Luciana Smith.
Os envolvidos foram indiciados por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e emprego de meio cruel, além de associação de quadrilha e corrupção de menores. Todos tiveram prisão preventiva decretada.