Ministro da Educação afirma que falta de professores no RS decorre de ausência de gestão

Ministro da Educação, José Mendonça Filho. Foto: Divulgação Presidência da República

Ministro da Educação, José Mendonça Filho. Foto: Divulgação Presidência da República
Ministro da Educação, José Mendonça Filho. Foto: Divulgação Presidência da República

Todo início de ano letivo apresenta o mesmo problema: a falta de professores nas escolas da rede pública estadual. Com apenas uma semana de aula, a Secretaria da Educação e o Cpers-Sindicato ainda não têm um balanço sobre o assunto, visto que muitas instituições reiniciarão as atividades nas próximas semanas em virtude da alteração do calendário provocada pela greve do magistério no ano passado. Contudo, as reclamações são muitas por parte daqueles que precisam organizar a grade de aulas.
Com aproximadamente 1.400 alunos, o Instituto Rio Branco, em Porto Alegre, por exemplo, deveria ter 70 professores para elaborar um calendário de aulas e atividades organizado, mas faltam dez docentes, que representam quase 15% do quadro. Segundo o vice-diretor do Instituto, Érico Fernandez, a falta de educadores prejudica o bom andamento das aulas, já que muitas vezes os docentes têm que ministrar aulas para diferentes turmas ao mesmo tempo.
“Nós somos um colégio grande, com três grandes blocos, e os professores precisam ir de um bloco para o outro para atender duas turmas ao mesmo tempo, ou seja, atender 70 alunos num período de 50 minutos. Isso dificulta muita a nossa vida e o nosso trabalho. Faltam quadros de maneira geral. Um outro exemplo: neste exato momento, o Colégio Euclides da Cunha, ali no bairro Menino Deus, tem uma professora que está pegando quatro turmas de Ensino Fundamental ao mesmo tempo”, relatou Fernandez.
O diretor-geral do 38º Núcleo do CPERS Sindicato, que abrange a Região Norte de Porto Alegre, Júlio Flores, faz uma crítica ao governo do Estado pela falta de professores na rede pública do Rio Grande do Sul. Segundo Júlio, em um levantamento parcial realizado pelo Sindicato, faltam docentes em várias disciplinas.
“Na verdade, o número de professores está muito abaixo da necessidade dos alunos. Nós temos um déficit muito grande de docentes. Não temos os números completos ainda, mas os dados que temos são estarrecedores. Num levantamento parcial, vimos que muitas escolas não têm professores de Matemática, Física e de outras disciplinas. É uma situação caótica que o governo do Estado está impondo às escolas estaduais”, disse.
Em entrevista ao programa Agora, da Rádio Guaíba, na manhã desta sexta-feira, o ministro da Educação, José Mendonça Filho, foi questionado sobre o problema da falta de professores na rede pública do Rio Grande do Sul e se isso também ocorre em outros estados. “Eu não tenho notícia de problemas semelhantes em outro estado da Federação. Isso evidencia falta de planejamento. O ano letivo está dentro do calendário anual de estados e municípios e claramente todos precisam se preparar com antecedência para que tenham a oferta de professores dentro da sala de aula em todas as escolas. Se, porventura, está havendo alguma dificuldade, ela acontece em decorrência de ausência de gestão e de planejamento”, salientou o ministro.
O secretário estadual de Educação, Ronald Krummenauer, não quis se manifestar sobre a fala de Mendonça Filho. Com relação à falta de professores, a Pasta divulgou uma nota afirmando que as solicitações de educadores por parte das direções das escolas estão sendo analisadas com rapidez para que não haja prejuízo aos alunos.
Leia a nota na íntegra:
“As Coordenadorias Regionais de Educação (CRES) iniciaram o estudo do Quadro das Escolas nos meses de janeiro e fevereiro/2018. Na primeira semana de início do ano letivo as CRE buscam suprir a rede com os recursos já existentes, com ampliação de carga horária de contratados emergenciais e convocação de professores efetivos, ou mediante solicitação de novo contrato temporário para suprir a demanda, nas 2540 escolas da rede estadual.
Ainda, alterações de designação de professores para suprir demanda de RH em Escolas somente é possível no início do ano letivo, tendo em vista o período de férias dos professores, pois durante as férias não é possível alterar a designação de um professor.
Verifica-se também que muitos afastamentos de professores são imprevistos, como por exemplo: dispensa a pedido de contratados emergenciais e licença-saúde, entre outros.
Destaca-se que as solicitações de professores estão sendo analisadas com rapidez para que não haja prejuízo aos alunos, compromisso assumido pela Secretaria de Estado da Educação.”