RS: investimentos em estatais previstas para serem privatizadas visam aumentar arrecadação com vendas futuras

O Palácio Piratini vai manter a política de investimento nas estatais, mesmo que elas sejam alvo de privatizações ou federalizações por parte do Executivo gaúcho. A estratégia visa fortalecer os bens do Estado para arrecadar maior volume de recursos em negociações futuras. A Sulgás é um dos exemplos, pois confirmou nesta semana investimento de R$ 35 milhões para ampliar a rede de distribuição de gás no Rio Grande do Sul. O órgão é uma empresa de economista mista, onde o Estado detém 51% do controle.
O Piratini vêm defendendo que a venda das estatais – Sulgás, CEEE e CRM – é necessária para garantir a contrapartida financeira para ampliar a capacidade de endividamento do Estado, atualmente esgotada, em pelo menos R$ 3 bilhões. Ao acumular insucessos na Assembleia, o governo estadual estuda ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) para derrubar a obrigatoriedade de se realizar um plebiscito em torno da venda das estatais.
Contudo, o secretário de Planejamento, Governança e Gestão, Carlos Búrigo, explica que os investimentos na Sulgás são provenientes dos próprios lucros do órgão. “Nós entendemos que estes investimentos aumentam o valor econômico quando a gente for federalizar ou vender esta empresa”, sustenta.
A tese é reforçada pelo ex-secretário de Minas e Energia Artur Lemos Júnior, que deixou o primeiro escalão em função do desembarque do PSDB do governo Sartori. “Eu vou fazer minha as palavras de um amigo que escutei recentemente: se eu tenho um veículo, que pretendo vender, não quer dizer que vou deixar sucateá-lo”, parafraseou.
O secretário Carlos Búrigo ressalta, porém que a insuficiência de recursos próprios também inviabiliza investimentos nas demais estatais. “Nós temos dificuldade de fazermos isso na CRM e CEEE porque elas estão com um deficit financeiro. Lá, estes recursos tem que sair do Tesouro, que são recursos para investirmos em saúde, educação e segurança”, diz.
Ainda questionado sobre o valor real da Sulgás, Búrigo não revelou os números, mas confirmou que estudos internos indicam um preço semelhante de mercado. O  secretário de Planejamento, Governança e Gestão também não informou quando a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) ingressará com recurso no Supremo para tentar derrubar a realização dos plebiscitos.