Após aproximação com Huck, FHC rechaça apoiar comunicador e sai em defesa de Alckmin

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso quebrou o silêncio nesta sexta-feira e comentou aproximação dele com o apresentador de TV Luciano Huck, cogitado para ser pré-candidato ao Palácio do Planalto em outubro. Em entrevista exclusiva ao programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba, FHC confirmou que esteve em um jantar com Huck, nessa quinta-feira, mas assegurou que vai apoiar o nome tucano de Geraldo Alckmin, mesmo que o comunicador tenha boas ideias e empatia da população.
“Eu não sei se ele vai ser candidato, eu vi nos jornais que ele esteve comigo, ontem, e de fato ele esteve e jantou comigo. Ele de vez em quando janta comigo, eu vou na casa dele, o padastro dele é meu amigo, a mãe dele é minha amiga, nós somos amigos de família e eu converso com Luciano. Eu não sei que decisão ele vai tomar. Agora, eu tenho partido, eu sou do PSDB, que terá o seu candidato. Então, uma coisa não implica na outra. Eu acho que ele é uma pessoa bem intencionada que tem contato com o povo e pode trazer algumas ideias para o país. Mas, eu vou seguir a linha do meu partido”, afirma.
No entanto, mesmo que Luciano Huck seja alçado como possível candidato e considerado o “outsider”, que promete mudar o cenário eleitoral, FHC ressalta que o apresentador de televisão ainda não bateu martelo em torno de uma possível candidatura. “Ele está considerando a possibilidade, mas ele trabalha na Globo, tem um contrato e tem que pesar estas coisas todas. Ele tem que ver por qual seria o partido e como vai ser. Que eu saiba, não há uma decisão por parte dele e não é uma decisão fácil. É uma decisão que tem que ser dele. Eu não vou imaginar que eu possa influir, pois ele sabe a minha posição”, frisa.
Em função da proximidade entre FHC e Huck, alas do PSDB têm externado desgosto com atual situação. De forma categórica, o ex-presidente ressalta que a biografia dele é marcada por afinidades com figuras políticas distintas em prol de discussões para melhoria do País. “Não é só com o Luciano Huck, eu falo com muita gente. Por exemplo, eu recebi recentemente o governador do Espírito Santo, que é meu amigo e é do PMDB. Estive com Rodrigo Maia e por aí vai. Eu acho que a democracia exige que você tenha uma relação aberta com os outros. Jantei com Fernando Haddad, que foi prefeito de São Paulo e é do PT, então quer dizer que estou apoiando Haddad? Não. Quer dizer que somos civilizados e trocamos ideias a respeito do país”, pontua.
Por isso, Fernando Henrique Cardoso ratifica que o candidato a ser defendido vem do ninho tucano e governa o estado de São Paulo. “Quando Geraldo Alckmin foi designado para ser presidente do PSDB, eu apoiei. Eu sabia e não sou uma pessoa ingênua, que isso seria uma pré-condição para ele ser candidato. Então, eu apoiei com consciência isso. Claro que eu apoio Geraldo”, diz.
Lula
O ex-presidente FHC também comentou os impactos da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para Fernando Henrique, Lula lutará até o final para concorrer a presidência da República, mas caso haja impedimento, a figura do líder petista poderá influenciar no resultado das urnas. “É inegável que o presidente Lula é uma pessoa que tem influência política grande e forte. Isso é inegável. Então, vamos ver como isso vai ser processado em termos de eleitorado. Se de fato, ele for impedido a pergunta é: ele transferirá seus votos para alguém que ele apoia? Ele já conseguiu transferir duas vezes para Dilma. O PT tem algum peso, muito menor do que teve no passado, mas tem peso”, avalia.
Questionado sobre os resultados favoráveis de Lula nas últimas pesquisas eleitorais, FHC associou o carisma do ex-presidente petista com o ex-mandatário argentino Juan Domingo Perón. “Se lembra do Perón na Argentina? Foi banido, foi preso, foi tudo e continuou liderando. Porque tem uma certa influência carismática e que em certo momento governou bem para uma certa camada da população”, enfatiza.
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