Sindicato e estudantes farão protestos contra aumento da tarifa da Trensurb

Atos contra o reajuste da tarifa da Trensburb começaram nessa quarta-feira a ser chamados pela rede social Facebook após o anúncio da medida, que entra em vigor no sábado. Com aval do governo federal, o bilhete unitário do trem metropolitano sobe R$ 1,70, para R$ 3,30, um reajuste de 94,11%, depois de dez anos congelado. Nesse mesmo período, a inflação pelo INPC ficou em 78%.
A primeira manifestação é programada para esta quinta, às 17h, na estação Mercado, pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários e Conexas do RS (Sindimetrô/RS). Em nota, os servidores consideraram abusivo o novo valor da passagem, alegando que o serviço oferecido pela empresa se precarizou. A entidade interpreta, ainda, que o reajuste é um indicativo de que o governo pretende privatizar a estatal, que a partir de 2018 perde metade do subsídio que vinha recebendo do Ministério das Cidades.
Outros eventos são organizados por movimentos estudantis, dois deles agendados para o dia 5, segunda-feira. Às 17h30min, também na estação Mercado, ocorre o chamado “Não ao aumento abusivo do Trensurb!”. O ato é organizado pelo Movimento Correnteza, Afronte, Ação Libertadora Estudantil, UJC Rio Grande do Sul, Juntos RS e RUA Juventude Anticapitalista.
O outro é coordenado pela UENH – União dos Estudantes de Novo Hamburgo – e chamado de “Estudantes contra o aumento da tarifa”. Na página do evento, os organizadores advertem que o trem é o principal meio de transporte utilizado por trabalhadores e estudantes da região Metropolitana e que o governo está tirando o direito de uma passagem justa. O ato está programado para as 17h30min, na estação Canoas.
Na tarde de ontem, o Ministério Público Federal (MPF) informou que um inquérito civil vai ser instaurado para analisar o aumento da tarifa do trem. O procurador da República em Novo Hamburgo, Celso Tres, chamou a mudança de “irresponsabilidade do governo”.
O procurador entende que o reajuste de 94% é uma alternativa para a privatização do transporte metroviário. “É uma porta aberta para privatizar mais um serviço no Rio Grande do Sul. Além disso, um reajuste assim ‘de sopetão’ não acreditamos que esteja correspondendo ao custo percentual da Trensurb que mantém o serviço. Até porque ele parece superior ao período e a análise da inflação também precisa ser feita”, observou.
Segundo a Trensurb, o governo destinou, através da Lei Orçamentária de 2018, metade dos recursos de custeio considerados adequados para a manutenção do sistema. A medida decorre, conforme a Fazenda, da necessidade de contenção do déficit público.
A estatal lembra que as despesas cresceram, nos últimos anos, em função da expansão do sistema até Novo Hamburgo, agregando cinco novas estações e 9,3 quilômetros de linha. Ao mesmo tempo, a estatal teve ampliados os custos de operação e manutenção, particularmente com energia elétrica de tração, que aumentaram mais de 100% de 2007 a 2017.
Em nota, a Trensurb garante que “chegou ao seu limite”, mesmo com “todos os esforços para realizar cortes de despesas, incluindo a terceirização de atividades de manutenção e a renegociação de contratos até as últimas possibilidades”.