Pesquisa mostra que só metade dos porto-alegrenses confia na Polícia

Um estudo realizado pelo Instituto Cidade Segura revela que somente metade dos porto-alegrenses confia nas Polícias Civil e Militar. Os números põem a Brigada Militar com índice de 49,2% de confiança entre os entrevistados e a Polícia Civil um pouco acima, com 53,7%. O trabalho da Guarda Municipal, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal não foram alvos do levantamento.
Conforme o presidente do Instituto Cidade Segura, Marcos Rolim o estudo já chegou às mãos do secretário estadual da Segurança, Cesar Schirmer, e a intenção é apresentar esse cenários para os candidatos ao Piratini na próxima eleição. Segundo Rolim, a pesquisa de vitimização serve como instrumento imprescindível para a elaboração de diagnósticos na área. Sem pesquisas de vitimização, os governos brasileiros e as próprias polícias definem diagnósticos a partir dos registros efetuados pelas vítimas, especialmente a partir dos Boletins de Ocorrência. Parte delas, porém, nunca procura a Polícia.
Para projeção dos dados da pesquisa, o Instituto usou a estimativa da Fundação de Economia e Estatística (FEE) de 2016, que apontou 1.192,749 habitantes em Porto Alegre, sendo 685.045 do sexo masculino e 794.232 do sexo feminino. A partir disso, 14 crimes foram alvos do estudo.
Veja o detalhamento:
Furto de objeto de valor: 35% já tiveram algum bem de valor furtado ao longo da vida. Nos últimos 12 meses, mais de 170 mil pessoas foram vítimas desse delito na Capital. Desse número, 46,2% das pessoas não registraram boletim de ocorrência.
Roubo de objeto de valor: 32,5% já tiveram algum bem de valor roubado (com uso de violência) na vida. No último ano, mais de 170 mil pessoas foram vítimas desse delito na capital. Desse número, 41,5% das pessoas não registraram boletim de ocorrência.
Sequestro: 1,2% foram vítimas de sequestro ao longo da vida.
Fraude em cartão de crédito: 7,5% dos porto-alegrenses foram alvos de fraude em cartão de crédito ao longo da vida. No último ano, o total de vítimas desse delito chegou a 32 mil pessoas.
Fraude pela internet: 5,1% foram vitimados por fraude pela internet ao longo da vida. No último ano, esse número é representado por cerca de 24 mil pessoas.
Golpe dado pelo celular: 27,1% foram vítimas de golpes dados pelo celular como sequestro falso de parente, prêmio falso, negócio inexistente ao longo da vida. No último ano, crimes desse tipo atingiram cerca de 180 mil porto-alegrenses.
Golpe com dinheiro falso: 23,8% já foram vítimas de golpes desse gênero durante a vida. Somente nos últimos 12 meses esse tipo de delito atingiu 137 mil pessoas na Capital.
Outro tipo de fraude: 5,18% dos residentes da Capital já foram vítimas de algum outro tipo de fraude ao longo da vida. Se tomar como base o conjunto de fraudes nos últimos 12 meses, cerca de 370 mil incidentes foram registrados em Porto Alegre.
Ameaça de Morte: 14,3% já foram ameaçadas de morte ao longo da vida. No último ano, 77 mil pessoas foram vítimas desse tipo de delito.
Ameaça de agressão física: 19,4% já foram ameaçados de agressão física. No último ano, aproximadamente 95 mil pessoas sofreram com esse crime.
Agressão física: 12,1% porto-alegrenses já foram agredidos fisicamente ao longo da vida. Somente no último ano, o número é representado por aproximadamente 47 mil pessoas.
Discriminação: 20,4% – o que representa cerca de 243 mil pessoas – já foram algum tipo de discriminação ao longo da vida. O tipo mais comum de discriminação é o racismo, seguido de sexo e por ser gordo.
Assédio sexual: 13% já foram assediadas sexualmente ao longo da vida. No último ano 3,6% foram vítimas desse delito, o que significa 28 mil pessoas.
Estupro: 3,7 % já foram estupradas ao longo da vida. Esse número representa aproximadamente 44 mil pessoas.
A 1ª pesquisa de vitimização de Porto Alegre foi realizada pelo Instituto Cidade Segura em parceria com o Sindicato dos Policiais Federais (SINPEF-RS), o Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia (UGEIRM) e o Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais (SINPREF-RS).
A coleta dos dados ocorreu entre os dias 17 e 28 de outubro de 2017 a partir de uma planilha com 152 questões. A amostra foi realizada com mil entrevistas domiciliares, em oito regiões da Capital. A margem de erro da pesquisa é de 3% e o grau de confiança, de 95%.