Convocação da Assembleia trouxe choque de realidade para Sartori

A convocação extraordinária da Assembleia Legislativa resultou em um choque de realidade para a administração do governador José Ivo Sartori (PMDB). Com uma base aliada formada por oito partidos no início de governo, desidratada com a aproximação das eleições, Sartori e os estrategistas previam sair vitoriosos das votações dos últimos três dias no Legislativo. Mas não foi o que se viu.
A oposição, manobrando o regimento, conseguiu obstaculizar todas as ações dos deputados ligados ao Piratini. Artifícios de plenário, usados pelos que não queriam as votações, são normais. Os embates e as idas e vindas fazem parte da democracia em todos os parlamentos do mundo. O resultado, entretanto, é um evidente desgaste por parte do governo do Estado, que parece não ter calculado com precisão as possibilidades de as coisas não saírem como o planejado.
Resistência
Apesar da situação difícil, o governador Sartori demonstrou reação política em manifestação no Palácio Piratini, após o encerramento dos três dias de convocação extraordinária no Legislativo. Em pronunciamento no fim da tarde de ontem, Sartori se mostrou visivelmente decepcionado, revelando na voz e no semblante que sentiu o golpe da estratégia derrotada em plenário.
Mas soube, em um discurso intenso, demonstrar atitude, indicando que não pretende desistir de fechar acordo com a União. Como líder dos gaúchos, o peemedebista não pode renunciar ao compromisso de equilibrar as finanças e devolver o crescimento ao Estado. Acrescente-se que a crise dá ao Piratini essa rara oportunidade.
Sartori pode agora sentar-se diante do presidente Michel Temer e expor a situação política do governo e revelar à cúpula do Planalto que não conseguiu fazer os deputados gaúchos aceitarem as condições impostas pelo Ministério da Fazenda. Com isso, talvez obtenha acordo mais vantajoso para o Estado e possa, até mesmo, unir governo e oposição em torno de uma mesa.