Afastada proprietária de creche onde menina sofreu maus-tratos no Vale do Caí

A juíza Débora Sevik, da 1ª Vara Judicial da Comarca de São Sebastião do Caí, decidiu afastar a proprietária da creche onde uma criança de dois anos sofreu maus-tratos de uma monitora. Até que a situação esteja esclarecida, a empresária e a funcionária foram impedidas de exercer profissionalmente atividades relacionadas a crianças e adolescentes.
Na decisão, a magistrada ainda determinou que a creche forneça a relação de funcionários do local e as respectivas qualificações. Ela negou o pedido do Ministério Público, que exigia a interdição do estabelecimento, já que o Município rompeu o contrato de prestação de serviços que mantinha com a creche, realocando as crianças em outras unidades. A juíza ponderou que, em se tratando de uma empresa privada, a liberdade é dos pais de decidirem manter ou não os filhos na creche.
A empresária, a monitora suspeita de cometer os maus-tratos e um funcionário, suspeito de ter apagado as imagens gravadas pelo circuito de monitoramento, chegaram a ser presos, mas foram soltos – dois deles no dia seguinte e a monitora, nesta quarta, beneficiada com um habeas corpus. O processo tramita junto à 2ª Vara Judicial da Comarca de São Sebastião do Caí.
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Em depoimento, a funcionária – detida por tentar asfixiar com um travesseiro a menina de 2 anos – confessou que a prática era orientação da direção da escola. “Era um cheirinho para acalmá-la”, alegou a monitora, de 23 anos.
“Três pais nos procuraram para relatar outros episódios, que para eles pareciam acidentes e não eram vistos como maus-tratos. Contudo, depois de o caso vir à tona, perceberam que podem ter se tratado de agressões”, explicou o delegado Marcos Eduardo Pepe, que assumiu o caso.
A diretora da creche procurou a Polícia Civil no dia 11 para fazer uma denúncia de maus-tratos contra a funcionária. A mulher entregou um vídeo que mostra a monitora pressionando o travesseiro contra o rosto da criança.
Em depoimento, a detida informou à Polícia que o caso não era isolado. Então, a Polícia Civil solicitou outras imagens das câmeras de segurança à diretora, que se prontificou a entregar. Contudo, a coordenadora da escola pagou R$ 50 a um técnico de informática para ele apagar as gravações.
A Polícia Civil encaminhou um HD ao Instituto-Geral de Perícias, que tenta recuperar os arquivos. O inquérito deve ser finalizado até a próxima segunda-feira. “Vamos ouvir as testemunhas, concluir as investigações e apresentar o relatório ao Judiciário. Vamos instaurar o inquérito por tentativa de homicídio qualificado”, explicou o delegado Marcos Eduardo Pepe.