Calheiros defende julgamento técnico e fala que eleição sem Lula vai ser "capenga"

Foto: Jane de Araújo/Agência Senado

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) afirmou, nesta terça-feira, esperar que o julgamento do recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, marcado para o dia 24, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre, seja técnico, e não político, como, segundo ele, ocorreu na primeira instância – quando o juiz federal Sérgio Moro emitiu sentença, em julho de 2017.
Em entrevista para o programa Esfera Pública, Renan Calheiros reforçou que confia na inocência de Lula e considerou que um impedimento judicial do petista vai deixar a corrida eleitoral “capenga” em 2018. “Eu li todas as páginas dessa e de outras investigações e não há nada do ponto de vista de prova que possa sustentar a inabilitação do presidente e a sua retirada da campanha eleitoral. Sem o Lula, esta vai ser uma eleição ‘capenga’”, disparou.
Para Renan Calheiros, a 8ª Turma do TRF4 ganha, agora, oportunidade de derrubar a decisão política de Moro. “Eu entendo que este julgamento, que foi político na primeira instância, e por isso não convenceu os brasileiros, não pode ser político também na segunda instância. O Tribunal, através desta turma, terá uma oportunidade para demonstrar exatamente o contrário porque condenar sem prova não tem justificativa”, frisou.
Categórico, Renan Calheiros afirmou que vai votar em Lula, “independentemente da aliança que o PMDB possa estabelecer”. Por isso, o cacique peemedebista rechaçou haver a possibilidade de ser expulso da legenda, como ocorreu com a senadora Kátia Abreu, que apoiou Dilma Rousseff. “Eu nem discuto esta possibilidade e cenário. Eu não quero me mudar do PMDB. Eu quero mudar o PMDB”, sintetizou.
Alvo de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), o senador alagoano também se disse perseguido por determinados setores e garantiu que serão arquivadas todas as investigações. “O que acontece no Brasil é surrealismo. Delações são vazadas, réus ficam no noticiário durante meses e anos e geralmente uma citação feita por um delator condenado, justa ou injustamente, acaba transferindo a responsabilidade que ele deixa de assumir”, reclamou.
Por fim, Renan Calheiros lamentou que o governo Temer venha priorizando a recessão da economia e atingindo, justamente, as classes mais desfavorecidas do Brasil. “Eu faço oposição a este governo e continuarei a fazer, não só pelo massacre que tem proporcionado aos brasileiros mais pobres e necessitados, sobretudo pelos equívocos que o governo faz questão de acontecer, sem perder nenhuma oportunidade”, salientou.