Sem instalação de novo sistema, BikePoa opera com menos de 20% do total de bicicletas

O novo projeto de compartilhamento de bicicletas de Porto Alegre, anunciado em agosto do ano passado, estava previsto para entrar em operação no mês de dezembro de 2017, mas até o momento não foi concretizado. Enquanto isso, o BikePoa está operando com menos de 20% do total de bicicletas que deveriam estar disponíveis à população. A Rádio Guaíba monitorou o serviço, por meio de aplicativo no celular, entre os dias 3 e 5 de janeiro.
No período analisado, o dia que finalizou com maior número de equipamentos disponíveis contava com 81 bicicletas. Conforme licitação, o sistema deveria operar com 400 bikes distribuídas em 40 estações. No entanto, 23 unidades ficaram sem nenhuma bicicleta disponível no horário de verificação do serviço em ao menos um dos dias analisados. Duas estações, a do Centro Administrativo Fernando Ferrari e a da Câmara de Vereadores, não registraram nenhuma oferta de bike ao fim da noite durante os dias pesquisados. A consulta pela disponibilidade das bicicletas foi feita após as 23h, horário em que os usuários teriam que devolver as bikes às estações.
Para o presidente da Associação dos Ciclistas de Porto Alegre, Pablo Weiss, os principais problemas estão na falta de bicicletas disponíveis e na ausência de manutenção das que existem. “O que a gente percebe é que é um serviço que tem uma demanda muito grande, mas existem dois problemas básicos que impedem o crescimento dessa proposta. O primeiro é que os usuários não conseguem ter a certeza de que podem contar com as bicicletas nos horários que eles precisam. O outro fator é que muitas vezes as bikes que estão disponíveis não recebem a manutenção devida e os usuários não conseguem utilizar as bicicletas”, ressalta.
Para Weiss, o grande problema está na falta de cobrança por parte do poder público para que o sistema opere corretamente. “É um serviço que está um pouco largado, porque não tem a devida fiscalização da prefeitura e a empresa responsável também não oferece serviço de acordo com a demanda. Infelizmente, aqui em Porto Alegre, a gente esbarra na falta de fiscalização e falta de interesse em querer fazer com que esse modal funcione”, afirma o ciclista.
A Tembici, responsável pela troca de todo o sistema, informou que as bicicletas e estações – que foram importadas – já se encontram no Brasil. Conforme a empresa, os equipamentos aguardam finalização dos trâmites burocráticos de importação para a liberação. Além disso, destacou que as bicicletas danificadas não estão sendo repostas devido à troca do sistema.
A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), responsável por fiscalizar o serviço, optou por se manifestar apenas por meio de nota, destacando que “a EPTC vai solicitar à Tembici a reposição das bicicletas antigas, até a instalação das novas estações e bicicletas”. O órgão não informou o número de bicicletas disponíveis atualmente, tampouco o motivo por não ter cobrado a reposição de bicicletas até o momento. A EPTC também não informou se aplicará algum tipo de sanção à empresa pelo descumprimento do edital.
O serviço

Um levantamento da Prefeitura da Capital mostrou que Porto Alegre já teve mais de 270 mil usuários cadastrados e 1,8 milhão de viagens realizadas desde 22 de setembro de 2012. Para usar o BikePoa, o usuário paga R$ 5 pelo passe diário ou R$ 10 para utilizar o serviço durante todo o mês.
Novo sistema
O novo modelo de bike da Tembici vai ser mais robusto, com peças que não poderão ser usadas em outras bicicletas, nem vendidas, visando à segurança. As novas bicicletas foram fabricadas pela empresa canadense, PBSC Urban Solutions, líder mundial em sistemas de compartilhamento de bicicletas. Atualmente, para comprar o passe é necessário ter cartão de crédito. Já o novo sistema terá integração com o cartão TRI.